Desde que foi anunciado, o live action de Branca de Neve foi uma incógnita. Adaptar o primeiro filme da Disney em uma versão carne-e-osso-e-película não parecia nada fácil e a produção parecia ter acertado na escolha de uma estrela de musicais na Broadway, Rachel Zegler, que Hollywood já conhecia por sua atuação em Amor, Sublime Amor. No papel de Rainha Má, a escolha recaiu sobre Gal Gadot.
++ Leia também: Explicamos o final de Pecadores
Tradicionalmente, montagens da história optam sempre por mulheres belas nos dois papéis. Mas enquanto Branca de Neve representa a juventude, o novo e o que vem por aí; o papel da Rainha Má costuma buscar atrizes que já não são jovens, mas que ainda são bonitas. Enfim, enquanto a heroína representa o futuro, a vilã é o declínio, a decadência e de algo que já teve seu tempo mas está morrendo.
A opção por uma atriz que poderia estar fazendo Mulher-Maravilha III talvez tenha sido o primeiro erro da produção. Ora, Rachel Zegler é uma atriz belíssima e jovem enquanto Gal Gadot é uma ex-modelo internacional de 40 anos que parece ser uma mulher de trinta. É lógico que ela ainda está em seu auge e o espectador percebe isso quando sua personagem faz a pergunta clássica. O que deveria ser uma disputa de talento, acabou virando um concurso de beleza em redes sociais o que prejudicou a divulgação do filme. Enfim, fisicamente, Gadot está mais próxima de parecer a Branca de Neve do que a Rainha Má embora deixe a dever em voz e atuação.
Branca de Neve se salvaria mesmo assim se não fossem outros erros. Ainda que seja a mais bonita na tela, Gal Gadot não sabe cantar enquanto Zegler poderia regravar o repertório de Whitney Houston facilmente. A disparidade salta aos ouvidos, atrapalha na história e os erros não param por aí.
O diretor Marc Webb parece muito preocupado em repetir os figurinos e maquiagem com o máximo de semelhança com o original, mas ignora que em um filme live-action, luz e sombra funcionam diferente. O resultado são roupas estranhas, sobrancelhas e maquiagens malfeitas e a sensação de que o filme não se preparou para fazer as estrelas de Rachel Zegler e do elenco brilharem. É um desperdício que expôs artistas a uma produção malfeita.
Branca de Neve teve uma bilheteria muito abaixo do esperado, o que costuma encerrar carreiras de atrizes. Mas Zegler parece ir muito bem, obrigado. Ela vai estrelar Evita, mais um musical da Broadway e tem uma atuação talentosa no filme, mas insuficiente para corrigir tantos fracassos. Apesar de muitos a elegerem como culpada pelo fracasso, o que parece mais uma tentativa de esquerda X direita de monopolizar o debate (Zegler defende a causa palestina, enquanto Gadot é uma israelense que defende incursões).
Gadot parece ter se safado do prejuízo nas bilheterias e estrelará o papel-título de Cleópatra. Desde que surgiu nos cinemas, ela tem perseguido papéis que usem sua beleza mas lhe deem espaço para se provar como atriz. Ainda não aconteceu. Se Branca de Neve foi um fracasso nesse sentido, ela não pode ser considerada a culpada do resultado cinematográfico.
Nota: 3
Confira o trailer de Branca de Neve:
