Há um momento em Barbie quando Gloria (America Ferreira) faz um longo desabafo sobre a situação da mulher no mercado de trabalho em que o filme dirigido por Greta Gerwig (Adoráveis Mulheres) já fisgou o espectador com toda a construção da fábula cinematográfica que é o filme sobre a boneca mais famosa do mundo. E sobre a mulher que a amou por todas estas décadas. Tudo com humor mas sabendo falar sério e edificar quando necessário.
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É curioso que Barbie seja lançado na mesma semana em que a Mattel sofreu uma derrota nos cinemas com o cancelamento do live action de He-Man, personagem amado pelos homens. Em uma história que fala não somente da autodescoberta feminina mas também no papel dos homens em subjugar o sexo oposto inclusive em sua própria narrativa. Com tons fabulescos, Barbie conta como uma das Barbie (Margot Robbie em atuação singela) em ‘Barbieland’ começa a notar que há algo errado com seu corpo e mente e resolve vir ao mundo real descobrir porque a criança que brinca com ela está sofrendo. Ela recebe a ajuda duvidosa de Ken (Ryan Gosling, talvez nascido para este papel) ou, ao menos, um dos Ken da dimensão “Matteliana”.
O roteiro de Greta e Noah Baumbach (História de um Casamento) é arrebatador e deve receber indicações ao Oscar e outras premiações. Rindo das contradições e erros da história da Mattel, que ajudaram a formar identidade feminina e preconceitos do último século, a produção não tem medo de cutucar a ferida ao mesmo tempo que explora caminhos. O que a Barbie quer? Quem ela é? E como ela vai encarar os desafios que viveu depois de conhecer o mundo real?
Barbie tem tons de fábula mas sem medo de se inserir no mundo adulto. É um filme para mulheres de todas as idades que já tiveram uma boneca ou que ainda têm mas principalmente uma história necessária para todos os sexos. Quem abriu mão de Oppenheimer dificilmente se arrependeu.
Nota: 10
Confira o trailer:
