Agente Stone (Heart of Stone) poderia ser definido pelos caras do Choque de Cultura como um filme da Mulher-Maravilha sem ser da Mulher-Maravilha. Afinal, Gal Gadot passa boa parte do filme em acrobacias e proezas físicas dignas do James Bond pré-Daniel Craig com pouca preocupação com verossimilhança, muita sedução e espionagem. E esse talvez seja a melhor coisa da produção da Netflix.
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Rachel Stone (Gal Gadot) é a agente da Charter, um grupo secreto que infiltra operativos em serviços militares e de espionagem pelo mundo buscando interferir quando for necessário para manter a paz mundial. Ela trabalha disfarçada no MI-6, serviço secreto britânico, como uma operativa de tecnologia de informação sem experiência no campo embora, na verdade, ela seja altamente treinada para interferir nas missões e apagar seus rastros até que uma missão em Lisboa a força a escolher entre ajudar sua equipe ou manter seu disfarce.
O plot de Agente Stone parece inocente e um pouco pretensioso. Um grupo de inteligência independente bom o suficiente para entrar em agências de governos internacionais e ainda ter um satélite capaz de monitorar cada ponto, chip, computador ou celular no mundo? E esse é o ponto fraco da produção que talvez exija demais da suspensão de descrença ao criar um coletivo tão poderoso e tão bondoso sem abordar suas contrariedades além do clichê do erro-que-volta-e-destrói-todo-mundo.
É um abismo de roteiro que faz atrizes e atores terem dificuldades de venderem verossimilhança em suas atuações e quando Gal não está em cena com a atriz britânica Sophie Okonedo, que interpreta a personagem Nômade, o filme perde ritmo. A relação entre as duas é o ponto forte de um filme que acaba sacrificando estrelas como Glenn Close e Jamie Dorman. Tudo para engatar cenas de ação que deixariam Patty Jenkins, diretora de Mulher-Maravilha 1984, bem irritada.
Vilões se arrependem com consequências óbvias, agentes experientes caem em armadilhas descaradas… Com tanta ingenuidade não é de se espantar que o filme deixe o seu mundo exatamente como começou: inalterado. Com tanto poder, a Charter faz mesmo tanta diferença no mundo se ninguém a descobre? Uma sequência poderia responder, mas talvez este filme não tenha força o suficiente.
Nota: 5
Assista ao trailer de Agente Stone: