Em uma das melhores linhas de diálogo do Episódio 3 – A Vingança dos Sith, o (então ainda) Chancelor Supremo Palpatine (Ian McDiarmid) conta a Anakin Skywalker sobre uma suposta “lenda” dos Sith:
“Você já ouviu a tragédia de Darth Plagueis, o Sábio? (…) Não é uma história que os Jedi contariam a você. É uma lenda Sith… Darth Plagueis era um Lorde Sombrio dos Sith, tão poderoso e tão sábio que podia usar a Força para influenciar os midi-chlorians a criar… vida.” – lançando a seguir um olhar enigmático para Anakin. Desde então há uma grande especulação entre os fãs de Star Wars se não havia sido o próprio Darth Plagueis a conceber Anakin no ventre de Shmi Skywalker, sua mãe, interpretada pela atriz Pernilla August.
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No Episódio 1 – A Ameaça Fantasma, tomamos conhecimento que Anakin foi concebido “sem a presença de um pai”, numa espécie de concepção virginal. Ao descobrir este fato, somado à sua contagem desproporcional de midi-chrolians, Qui-Gon Jinn (Liam Neeson), o Cavaleiro Jedi que o descobriu nas areias desérticas de Tatooine (“áspera, irritante e que entra em todo lugar!”), comunica ao Conselho Jedi que havia encontrado um ponto de “convergência na Força”, provocando espanto em todos os Mestres Jedi presentes na reunião.
Todos esses temas retornaram na primeira temporada de The Acolyte: as gêmeas Osha e Mae (que também possuem quantidades desproporcionais de midi-chlorians) são descritas como tendo sido concebidas virginalmente pelo clã de Irmãs da Noite presentes em Brendock, um planeta descrito como possuindo um ponto de “convergência na Força”. No season finale da série, Darth Plagueis faz um rápido “cameo”, aparecendo escondido em uma caverna do planeta que abriga a moradia de Qimir (que inicia a série como mentor de Mae, e ao final da primeira temporada, torna-se mestre de Osha), que se intitula apenas como alguém que “abraçou seu lado negro”, sem maiores pistas sobre real afiliação ou identidade (possivelmente um ex-padawan da Mestre Jedi Vernestra Rwoh).
Darth Plagueis era natural de Utapau (planeta no qual Obi-Wan Kenobi derrotou o General Grievous ao final das Guerras Clônicas), aprendiz de Darth Tenebrous, em um período em que os Sith viviam totalmente às escondidas (“por mais de um milênio!”). O livro (excelente, mas até hoje não canônico mas dentro do selo Legends) Darth Plagueis escrito por James Luceno conta a história deste Lorde Sith em detalhes. Como todo Sith, ele tinha uma profunda obsessão pela imortalidade. Eis um ponto essencial de diferenciação entre os Sith e os Jedi – os Jedi veem a morte como parte natural da vida, sua busca é pela eternidade (como Qui-Gon, Yoda e Obi-Wan acabaram conseguindo alcançar), em que a morte corpórea ocorre naturalmente, já os Sith não a aceitam e buscam retardá-la (por conta disso não é incomum Sith com aparência decrépita) ao máximo: até o ponto da obsessão do que seria sua desejada imortalidade.
Todas essas pistas parecem portanto convergir para a longa especulação dos fãs: ao que tudo indica, Darth Plagueis “aprenderá” de alguma forma a criar vida através da Força por intermédio das irmãs Osha e Mae (que são “a mesma pessoa” segundo revelado pelo Mestre Sol antes de ser esganado por Osha – uma espécie de díade), e assim seria ele próprio a (tentar?) conceber futuramente Anakin Skywalker no ventre de Shmi. Aparentemente todas as pontas soltas da Saga Skywalker estão sendo conectadas.
Como finalizado por Palpatine na cena do teatro a Anakin: “Infelizmente, ele ensinou ao seu aprendiz tudo o que sabia, e então seu aprendiz o matou enquanto dormia. Irônico. Ele podia salvar outros da morte, mas não a si mesmo”. Seu aprendiz, e assassino, seria ele próprio, Sheev Palpatine, ou melhor dizendo, Darth Sidious.
Lord Sidious, por sinal, buscaria a imortalidade através da clonagem. Mas isso é outro assunto, pra outro artigo, sobre “habilidades que alguns consideram não naturais” – sim, leitor, até as sequels estão conectadas, afinal de contas, Kylo Ren e Rey são descritos como sendo uma “díade na Força” (como as gêmeas da série Acolyte são).
Que a Força esteja com você.
Roberto de Moraes começou a se entender por gente quando percebeu que amava o Flamengo, os Beatles e Star Wars. Hoje é pai da Sara, tem Doutorado em Acústica, e continua usando a Força, atravessando Abbey Road e vestindo rubro-negro com raça, amor e paixão.