Esse livro já estava há uns dois anos na minha estante, e quando finalmente entrou na lista de leituras foi devidamente devorado. Minha primeira surpresa foi descobrir que o autor não é americano, coisa que obviamente eu supunha por conta do filme dos anos 80 que fez parte da minha infância, mas sim alemão! Minha segunda surpresa foi ver que o filme, o primeiro, é absurdamente fiel ao livro, o que, sinceramente, eu não esperava. A terceira surpresa foi descobrir que a história do primeiro filme dura apenas metade do livro.
E é aí que a coisa ficou interessante!
SPOILER FREE (precisa mesmo?)
Como eu mencionei, a primeira parte do livro é igual ao filme, ou quase isso, depois eu precisei rever os filmes e vi que tinha algumas adaptações e diferenças que obviamente eu não lembrava. De qualquer forma, a primeira parte do livro é fofa, mas extremamente previsível, por conta do filme, mas não deixa de ser bonita, e dá um ânimo muito legal de continuar lendo. Aí termina a primeira parte da história e… o livro parece que muda. Sério, é outro livro, outro clima, outra história. A partir daí, esquece o segundo filme, que é apenas baseado nessa segunda parte, assim, bem de leve (só vale a pena para ver o pai do Flash da atual série de TV pagando mico). Mentira, o filme tem mais uma coisa em comum, é chaaaaaaato.
Confesso que nessa parte eu comecei a enrolar para ler, pois não tinha mais ânimo. A história é lenta, chata, e dá uma raiva enorme do personagem principal. Eu só continuei por teimosia, e porque a esperança é a última que morre, afinal, um livro tão famoso e celebrado quanto esse não poderia ter uma parte tão chata sem se redimir. E lá para o último quarto do livro eu fui recompensada. E que recompensa! Ler até o final faz tudo mudar de perspectiva. A história sem fim é um dos livros infantojuvenis mais bonitos que eu já li. É perfeito! Uma fábula simplesmente maravilhosa sobre o poder transformador das histórias, dos livros e da imaginação! É sobre como é importante manter esse poder infantil da criatividade, mas adquirir responsabilidade sobre ele. É sobre como ler pode ser visto como viver uma outra realidade, uma outra vida, que te permite crescer e vivenciar diversas experiências que não só levariam anos no mundo real, mas como poderiam trazer consequências que podem ser evitadas quando experimentadas através da leitura.
A coisa é tão bem bolada que fica óbvio que a parte chata de A História Sem Fim, que dá raiva do personagem principal, era realmente necessária, sem aquilo o final não seria possível, pois a lição não teria sido aprendida. O erro é parte necessária do aprendizado. Lindo, muito lindo, e muito humano. E não faça como eu e reveja os filmes, não vale a pena, mesmo que dê vontade. Especialmente do segundo filme, fique longe. Conselho de amiga.
Recomendado para todas as idades.
Nota 10!