A Canção de Aquiles é um romance de 2011 da escritora americana Madeline Miller. Como parte do mês de julho que debate romances envolvendo mitologias, o livro poderia entrar também como um romance LGBTQ+, já que explora a amizade que se torna amor entre Aquiles e Pátroclo. Especialista em mitologia grega, Madeline opta pelo realismo mas sem deixar de flertar com o mitologico, construindo um romance aopaixonante de realismo fantástico sobre o amor entre um semideus e um homem.
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Ao contrario de outras versões que abordam a Guerra de Tróia, em A canção de Aquiles Pátroclo é um sujeito muito abaixo da média, um príncipe renegado pelo rei e desprezado pelos suditos. Ao brigar com alguém da nobreza, ele comete um assassinato e é condenado ao exílio pelo seu crime. Ao viver em outro reino como nobre, conhece outro príncipe Aquiles, por quem se apaixona e – para sua surpresa – é correspondido. Mas se amores entre mortais e deuses nunca acabam bem, como será amar um semideus? Filha de Thétis, divindade marítma, o guerreiro nunca aceita o que lhe exigem, mas Pátroclo é pressionado de todas as formas para que se afaste. Seja para que Aquiles gere filhos, para não afetar sua popularidade ou casamento.
Li o livro na sua língua original e, pela primeira vez, tive uma sensação de fluência que tem menos merito meu e mais da autora. Madeline escreve de uma forma objetiva, clara e gostosa de ler. Se tem alguma coisa parecida com linguagem universal, certamente seus livros serão traduzidos. Mesmo em longos capítulos que pouca ação física ocorre, a tensão entre a dupla de futuros amantes torna o romance mais instigante. Não espere nada vagamente pornográfico, mas sim uma historia de amor. Bonita e emocionante, A Canção de Aquiles parece escrito não para ensinar algo aos deuses ou contar sobre divindades aos homens e sim para nos contar como o amor se desenvolve e perdura mesmo com a tragédia.
Passando longe de ser apenas um drama amoroso, em momento nenhum Madeline se descuida do tocante a guerra assumindo versões e incorporando sua visão do que houve. Talvez Helena não tenha sido a coisa mais bela daquela guerra.
Nota: 10