Esta vai ser uma das resenhas mais difíceis da minha vida. É tanta informação que não é fácil organizar nem decidir por onde começar.
Escolhi ler esse livro para o Desafio Literário Popoca para o tema de maio, porque afinal toda a história do clássico filme, quer dizer, livro, gira em torno do casamento de Buttercup. Sim, eu mencionei que The Princess Bride também é um filme?
SPOILER FREE
O filme dos anos 80 é simplesmente um clássico!
Afinal, tem tanta, tanta coisa maravilhosamente tosca e tão icônica típica da época, que é até difícil escolher qual é a melhor parte!
Será Inigo Montoya e sua busca pelo misterioso cavalheiro de seis dedos?
Será?
Será o uso indiscriminado da palavra inconcebível?
Ou o fato de que Buttercup é a atriz de House of Cards e uma das guerreiras mais fodas de Mulher Maravilha?
Confesso que até levei um susto quando descobri que o filme originalmente era um livro, lançado em 1973. O autor, William Goldman, é mais famoso por seus roteiros de cinema do que por seus livros, mas The Princess Bride foi um grande sucesso literário. E um dos motivos disso é justamente porque grande parte da história envolvendo o livro é uma grande mentira.
Sim, o livro foi propagandeado como uma versão resumida de um clássico da História (com H) de Florin (não perca tempo procurando no Google, o país obviamente não existe) escrito por um estudioso chamado S. Morgenstern (por favor, faça a pesquisa no Google, você vai se divertir). Toda a questão de Goldman com essa História, é que quando ele era criança o pai dele leu o livro para ele quando o pequeno William estava com pneumonia. A partir dessa grande mentira, o autor criou uma grande mística, envolvendo 3 gerações da sua família, sem que nenhum dos envolvidos seja uma pessoa real. Isso de alguma forma está no filme.
A fantasia, e o hype posterior por causa do filme, foi tão grande, que quando o livro completou 20 anos Goldman escreveu não só uma senhora introdução, aumentando ainda mais as mentiras envolvendo o livro, participações suas em diversos filmes e anedotas de pessoas famosas, como ele ainda escreveu o primeiro capítulo de uma continuação que nunca veio a existir, Buttercup’s Baby, um volume que deveria ter sido resumido por ninguém menos que Stephen King.
Depois, quando o livro fez aniversário de 25 anos, o autor fez mais uma introdução.
O resultado disso é que se você conseguir uma versão mais moderna, é possível que ela tenha 3 introduções (que chegam a 1/5 do livro), uma carta resposta padrão da editora para quem pedisse um capítulo extra (que também não existe, claro) e o tal primeiro capítulo de Buttercup’s Baby, com direito a uma introdução própria.
Sim, eu li uma versão assim.
Apesar de ser cansativo ler tantas introduções, vale a pena o esforço. William Goldman não só é um bom mentiroso, como sua escrita é realmente divertida. O livro é IGUAL ao filme. Pelo menos no que eu lembro do filme, claro. Certamente deve ter algumas diferenças, mas confesso que não acho isso importante. Pelo menos o que tiver de diferença não é gritante o suficiente para ter chamado atenção.
O único defeito de The Princess Bride, além do título bizarro em português, A Princesa Prometida, é que ele é um livro dos anos 70 que é um filme dos anos 80. E isso quer dizer que ele tem todos os clichês dessa época, incluindo os infames relacionados à única personagem feminina, Buttercup.
Mas se você conseguir relativizar essas coisas durante a leitura, é realmente divertido.
Nota 9.