Coringa é, sem dúvida, um filme interessante. Com uma narrativa ágil e uma grande atuação de Joaquin Phoenix a produção do diretor Todd Philips tem como grande mérito elevar um vilão de quadrinhos para o protagonista de um filme artístico. É bom para caramba. Mas com tudo isso, será que entendemos o final de Coringa?
Atenção: post abaixo contém spoilers sobre o filme. Não leia se você ainda não assistiu, ok?
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Coringa deixa claro o tempo inteiro que Arthur Fleck (Phoenix) é um sujeito desequilibrado. E no início da produção, dá uma pista do nível de seu delírio mesmo com medicação quando ele se imagina no seu programa favorito e recebendo afagos do apresentador e comediante Murray (Robert de Niro), preenchendo um vazio de uma figura paterna. O que acontece a partir do momento em que cortam as verbas do local que lhe atende e financia seus remédios pode ser questionado.
Note que seu romance com a vizinha Sophie (Zazie Beetz) é totalmente na sua cabeça. Os dois não comem pizza, não passeiam juntos e ela não ri de seu show. Possivelmente, ela sequer faz o gesto de tiro na cabeça que o aspirante a comediante vê no elevador, o que só tornaria sua reação – ou ação? – ainda mais assustadora para a jovem.
Ou seja, é possível que a reação de Thomas Wayne (Brett Cullen) e sua relação com Fleck também jamais tenham ocorrido. Ele pode sequer ter encontrado o pequeno Bruce Wayne (Dante Pereira-Olson). Ao final de Coringa, em uma consulta em um sanatório, Fleck ri e afirma ter lembrado de uma piada. “Qual”, pergunta a psiquiatra. A resposta do personagem é uma pista do que podemos levar da história: “você não entenderia”.
Mais do que gerar convicções, o final de Coringa gera o caos e a dúvida. Será que tudo aquilo realmente ocorreu?