Já dizia o ditado que “quem canta seus males espanta”, e talvez isso explique aquela sensação revigorante que sentimos depois de assistir um bom musical. Mesmo que a história seja triste. Ter uma trama contada, encenada através de músicas leva tudo a outro nível. E nesse ano tão terrível fomos presenteados com duas belas séries que tem a música como ingrediente principal.
Zoey’s Extraordinary Playlist é um musical um tanto incomum. A personagem-título vivida por Jane Levy é programadora numa empresa de tecnologia, que depois de uma ressonância magnética passa a ouvir os verdadeiros sentimentos das pessoas ao seu redor. Mas não é uma simples leitura de mentes, as pessoas cantam coisas que apenas Zoey pode ouvir. E a personagem que até então nunca tinha dado muita importância para música, precisa começar a ajudar seus amigos, colegas e familiares através do que ouve.
Little Voice não é um musical, mas respira e se alimenta de música. Sua protagonista é Bess King (Brittany O’Grady), uma jovem de vinte e poucos que sonha ser cantora. E enquanto adquire confiança para cantar suas próprias músicas, precisa lidar com problemas pessoais e familiares. Cada episódio traz uma trama que se alinha com uma canção original. A trilha sonora é composta por Sara Bareilles, que também é produtora-executiva ao lado de JJ Abrams, Ben Stephenson e da criadora Jessie Nelson.
As duas séries possuem tramas bem diferentes. Se passam em cidades diferentes, a primeira em San Francisco e a segunda em Nova York. E enquanto uma usa músicas populares a outra possui trilha original. Mas apesar disso, ambas possuem pontos em comum. Vamos a eles.
Protagonistas femininas fortes
Zoey e Bess não poderiam ser mais diferentes. A primeira não era chegada em música, mas vive fazendo o que ama. Já Bess vive pela música, e tem quatro trabalhos até que possa viver da música que faz. Mas ao mesmo tempo elas são muito parecidas. Ambas são jovens decididas a lutar pelo que querem enquanto enfrentam obstáculos, muitas vezes causados pelas dúvidas que têm de si mesmas. Enfrentam preconceitos por serem mulheres em mundos comandados por homens. E fazem tudo pelas pessoas que amam.
Pais
Outro ponto em comum entre as duas protagonistas é a importância que os pais têm para elas. Zoey sempre teve seu pai como melhor amigo, e durante a primeira temporada precisa lidar com a doença terminal dele. Bess herdou do pai o amor pela música, é ele quem mais a incentiva a seguir seu sonho. Mas o alcoolismo de Percy King (Chuck Cooper) também é uma das maiores preocupações da filha. Assim, as personagens têm uma relação de pura afinidade com seus pais. Enquanto temem perdê-los para algo que não podem controlar.
LGBTQI+
Ambas as séries possuem personagens LGBTQI+ em destaque que enfrentam desafios. ZEP tem Mo (Alex Newell), vizinho de gênero fluido de Zoey que a ajuda a entender como funciona seu dom. Uma personagem alegre e responsável por vários momentos divertidos da série. Mas acaba escondendo sua sexualidade quando vai à igreja. Em LV temos Prisha (Shalini Bathina), a melhor amiga de Bess que nasceu numa tradicional família indiana e com isso receia assumir a homossexualidade. E precisa constantemente lidar com seus pais tentando lhe arranjar um marido. Mo e Prisha são um reflexo das adversidades que a comunidade LGBTQI+ ainda precisa enfrentar. Mas que, acima de tudo, só querem ser felizes.
Inclusão
Além dos personagens LGBTQI+ e de terem representantes da diversidade racial, as duas produções trazem personagens especiais interpretados por atores especiais. ZEP trouxe Abigail (Sandra Mae Frank), mostrando os desafios das pessoas surdas. Apesar de ter aparecido em apenas um episódio, abriu-se a possibilidade de que ela seja recorrente no futuro da série trabalhando junto com Zoey. E LV tem Louie (Kevin Valdez), o irmão mais velho de Bess está no espectro autista e começa a conquistar sua independência. Aficionado por musicais da Broadway, ele e seus colegas de quarto trazem leveza ao show. Abigail e Louie são exemplos práticos da importância da inclusão.
Triângulos amorosos
Eis um grande clichê, mas quando bem elaborado nem ligamos pra isso. Zoey se divide entre seu melhor amigo Max (Skylar Astin), e o diretor de marketing Simon (John Clarence Stewart). E aqui o publico também fica dividido. Enquanto Bess fica entre seu vizinho de depósito Ethan (Sean Teale), e o recém-companheiro de palco Sam (Colton Ryan). Nesse caso a personagem parece já ter escolhido seu favorito, mas se a série for renovada (e esperamos que seja) tudo pode mudar.
Não quis com esses paralelos colocar um sinal de igual entre as duas séries. Como já disse lá no início, elas são bem diferentes. Só quis com esses pontos em comum mostrar como coisas diferentes podem ter similaridades. E se você já gosta de uma das séries, talvez possa dar uma chance para a outra.
Zoey’s Extraordinary Playlist possui uma temporada de 13 episódios e já foi renovada, pode ser assistida no Globoplay. Little Voice possui uma temporada de 9 episódios e aguarda por renovação, pode ser assistida na AppleTV+.
Confira o trailer de Zoey’s Extraordinary Playlist:
