Você precisa conhecer ‘Leo’

A intensidade pode vir de onde você menos espera

Sem muito alarde, a Netflix lançou no último dia 21 a animação Leo. Com uma premissa simples e um começo devagar, o filme ganha fácil o espectador com suas tiradas inteligentes e trama consistente. Provando que a persistência vale a pena.

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Leo (Adam Sandler) é um lagarto que divide o terrário com a tartaruga Squirtle (Bill Burr), ambos já bem idosos são mascotes em uma sala de aula da 5ª série. Os amigos vivem uma vida tranquila, sem grandes emoções, até o fatídico momento em que Leo descobre ter apenas mais um ano de vida. Determinado a viver o que lhe resta com intensidade, ele começa a fazer planos para fugir. E a proposta da professora substituta Srtª Malkin (Cecily Strong) de que a cada fim de semana um aluno leve um dos mascotes para casa, parece a oportunidade perfeita para Leo colocar seu plano em prática. Mas a vida tem outros planos para ele.

Quando a história engrena você acaba por entender que o início lento é proposital. Uma demonstração do quanto a vida de Leo e Squirtle era monótona. Apenas existindo ali, em um terrário em uma sala de aula, ano após ano vendo crianças de 5ª série aprenderem sobre frações. Formando esteriótipos sobre elas. Como dois velhos senhores que sentem que já viram demais. Mas é passando a conviver com as crianças, uma de cada vez, que o lagarto ranzinza revê suas perspectivas. Ajudando-as com suas inseguranças.

Apesar do enredo direcionado às crianças, o longa tem um forte potencial para agradar todas as idades. A verdade é que a trama usa de ternura e sensibilidade para falar com leveza sobre saúde mental. Adultos tendem a esquecer as inseguranças da infância, e projetar nos filhos as suas próprias. Seja na superproteção ou senso de superioridade. Mas crianças só precisam de alguém para confiar suas angústias, e Leo se torna esse alguém.

O lagarto também acaba sendo um exemplo das armadilhas em que caímos na vida adulta. Na vontade de viver intensamente por vezes nos metemos em uma teia de egoísmo e prazeres imediatos, confundindo-os com felicidade. Leo faz isso em diversos momentos, até perceber que nada pode ser mais intenso do que relações verdadeiras como as que ele construiu com as crianças.

Como longa-metragem, Leo contém detalhes técnicos interessantes. É a segunda animação da Happy Madison Productions, produtora de Sandler que além de emprestar sua voz ao protagonista (numa atuação extraordinária) também escreveu os roteiros ao lado de Paul Sado e Robert Smigel. O último também diretor junto aos estreantes Robert Marianetti e David Wachtenheim. E Leo segue a receita de trabalho em família do último sucesso de Sandler, Você Não tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá! (You Are So Not Invited to My Bat Mitzvah), em que atua ao lado das filhas e esposa. Aqui, Sunny, Sadie e Jack Sandler são respectivamente Summer, Jayda e a Mãe de Jayda.

Você ainda encontrará vozes conhecidas, como Jason Alexander (Pai de Jayda) e Rob Schneider (Diretor Spahn). E por ser um musical o elenco de vozes é notável, apesar das canções não serem exatamente marcantes. Porém, mesmo que nenhuma música dê vontade de sair cantando, a trilha sonora de Geoff Zanelli dá o tom do filme.

Por fim, Leo é um daqueles filmes que mostram que é possível ser divertido e significativo ao mesmo tempo. Do mesmo modo que conversar com pessoas que queremos bem pode tornar nossa vida mais intensa. Só precisamos de um Leo em nossas vidas, e também podemos ser o Leo de alguém.

Nota: 9

Confira o trailer:

https://www.youtube.com/watch?v=27M2lZHAllI?si=NoNhxgSgtbhHjUZo

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