Lançado simultaneamente nos cinemas e no serviço de streaming Disney+, Viúva Negra estreou no dia 9 de julho e é o primeiro longa metragem dos estúdios MARVEL desde Homem-Aranha Longe de Casa, lançado em julho de 2019. Ou seja: um pouco mais de dois anos atrás.
Claro que a opção pelo tempo entre filmes não foi artística, nem planejada. Uma tal de pandemia bagunçou todo o cronograma e Kevin Feige (responsavel geral pela costura do MCU – Universo Cinematografico da Marvel) teve que dar nó em pingo d’água pra manter uma narrativa coerente, mesmo com as produções mudando de ordem.
E a espera, valeu a pena?
Sem spoilers, vamos ao filme em si. O filme se passa antes dos eventos de Vingadores – Guerra Infinita. Ou seja, antes das forças de Thanos virem para a terra pegar as joias do Infinito. Na verdade, se passa logo depois dos eventos de Guerra Civil. Não chega a ser um spoiler, pois isso já é mostrado nas primeiras cenas. Para quem não lembra, Natasha (Viúva Negra) impediu o Pantera Negra de capturar o Capitão América , traindo assim o grupo do Homem de Ferro e infringindo o “Acordo de Sokovia”. Assim, ela se torna fugitiva da lei e fica um tempo sem contar com seus parceiros Vingadores.
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É nesse clima que a história começa e justifica a aventura solo, já que a personagem desde o início do MCU sempre estava trabalhando para alguém (Nick Fury). A partir daí começa uma aventura de ação e espionagem que envolve o passado de Natasha e seu histórico com o “Red Room” (mencionado em Vingadores – A era de Ultron). Mais do que isso já vira spoiler pesado, então vou me conter. Por enquanto.
A diretora Cate Shortland faz um excelente trabalho. Apesar dela não ter um histórico de filmes de ação, consegue trazer um filme que equilibra bem momentos “quietos” com diálogos e atuações impecáveis, com cenas de ação bem dirigidas, principalmente nas coreografias de luta corpo a corpo. Há uma sensação de urgência para tudo que acontece no filme e mesmo assim ela consegue tirar o máximo de todas as “pausas” que o filme dá na ação.
Pessoalmente eu curti bastante como a diretora conseguiu dar personalidade própria para a narrativa ao mesmo tempo que referencia diversos filmes de aventura, desde Indiana Jones e a Última Cruzada, Missão Impossível, até cenas do próprio MCU. Outro ponto alto são as atuações de Florence Pugh (como Yelena), David Harbour (Alexei / Guardião Vermelho) e Rachel Weisz (Melina). Scarlett Johanson está obviamente muito bem, mas já esperávamos, afinal é o 8o filme que ela aparece como a personagem.
Assista ao trailer de Viúva Negra:
Tem reclamação? CLARO QUE TEM RECLAMAÇÃO!
(spoilers para o MCU, Guerra Infinita e Ultimato, caso você tenha chegado no planeta Terra ontem e ainda não tenha visto esses filmes)
Esse é o vigésimo quarto filme do MCU. E o primeiro (provavelmente único) filme da Viúva Negra, uma personagem que apareceu pela primeira vez em 2010 (Homem de Ferro 2, o TERCEIRO filme do MCU). Não havia nenhuma necessidade de esperar tanto. A reticência do estúdio em lançar o filme solo da Natasha acaba por enfraquecer um pouco a força da personagem. Em Ultimato *spoilers* Natasha luta com Clint Barton (Gavião Arqueiro) para ver quem vai se sacrificar para poderem pegar a jóia da alma. Até aquele momento, o sacrifício da Natasha parece óbvio, pois Barton está lutando para conseguir sua família de volta e a Natasha sempre viveu para o trabalho. Temos o entendimento que não há nada mais para ela e a luta em si fica vazia de significado. Se a aventura solo da Viúva Negra tivesse sido lançada entre Guerra Civil e Guerra Infinita, a cena do sacrifício teria outro peso (e outro diálogo).
Ao vermos a lista de filmes que saíram na época, havia espaço para um lançamento em julho de 2016, logo depois de Guerra Civil. Além de que o primeiro filme solo de uma heroína da Marvel tinha que ter sido da Viúva Negra, e ele poderia ter sido lançado antes mesmo de Mulher Maravilha (2017). Mas deixaram o trem passar. E agora a Marvel paga um pouco por sua covardia: um excelente filme de ação que não conseguiu ir pro cinema e dificilmente vai ter o lucro merecido. A sensação que fica é de “too little, too late” (muito pouco e tarde demais, Marvel).
Espero apenas que os novos personagens que aparecem em Viúva Negra possam ter vida longa no MCU e que a diretora Cate Shortland tenha outras oportunidades.
Nota 7 (era para ser 8, mas perdeu um ponto por não ter sido feito antes).
ALEATORIEDADES (COM SPOILERS DE VIUVA NEGRA – Pulem essa parte e voltem depois de ter visto o filme)
- Como faz diferença uma diretora mulher em algumas cenas. Os papos sobre a remoção do útero em Era de Ultron (dirigido por Joss Whedon) e Viúva Negra deveriam ser passados lado a lado em escolas de roteiro e direção.
- Que adaptação maravilhosa do Taskmaster (Treinador, no Brasil). Não sabia, não esperava e o filme dá excelente história pro personagem.
- David Harbour tem que aparecer mais como o Guardião Vermelho. O filme não deixa claro suas origens e nem se ele realmente mentiu quando disse que enfrentou o Capitão America. Se ele acredita que o enfrentou, sabemos que não foi o Steve Rogers. Será que foi o Isaiah Bradley?
- Rachel Weisz tinha 50 anos quando filmou. David Harbour, 45. Scarlet Johanson 36. Florence Pugh 26. Só a Rachel Weisz não pareceu ter envelhecido entre as cenas do passado e do presente. Será esse mais um dos experimentoss de Melina? Um super poder?
- Todo filme de ação tem alguns objetos em locais convenientes. Mas aquele para-quedas que a Viúva Negra pega no terceiro ato estava onde? Alguém largou no meio do chão?
- A Cena pós creditos me deixou animado para a série Hawkeye. Expectativas foram criadas.