The Last days of American Crime, novo filme da Netflix, não é só um equívoco. É também um sintoma de como o sucesso de filmes de ação levou muitos a desconsiderarem o roteiro como um elemento básico para qualquer história audiovisual. Se você rever filmes como Comando Para Matar ou Rambo, vai notar que não eram filmes que exigiam muito cérebro para serem compreendidos, tinham seus momentos “massa,véio”, mas nenhum deles abria mão de ser verossímil, ter personagens com conflitos interessantes e entregar boas cenas de ação.
Assim como o ótimo Resgate, The Last days of American Crime é uma obra baseada em uma graphic novel. Porém, os erros da produção o tornam mais parecida com o insucesso de Locke & Key do que qualquer outra coisa.
Graham Bricke (Édgar Ramírez, de O Ultimato Bourne) é um assaltante de banco, cujo background e motivações para esta vida jamais saberemos, que perde o irmão – cuja relação entre os dois também jamais saberemos – na cadeia. Com a desculpa oficial de um suicídio ele ouve de Kevin Cash (Michael Pitt de Boardwalk Empire, talvez a única coisa marromeno interessante do filme) que a morte foi obra do departamento de segurança que prepara um sinal para impedir que pessoas cometam crimes. Com uma emissão eletrônica, sinalizaria para o cérebro impedir as pessoas de cometerem atos que considerem ilícitos.
Mesmo com tanta conspiração, Bricke resolve não apenas acreditar em Cash como também se envolver sexualmente com sua esposa, Shelby Dupree (Anna Brewster, de Star Wars: O Despertar da Força). Note que em The Last days of American Crime as pessoas se apaixonam, se odeiam, confiam e desconfiam uma das outras de uma cena para outra. Mesmo sendo um personagem durão e cético, Bricke se apaixona por Shelby, que mesmo sendo uma personagem com histórico de não confiar em ninguém, resolve se envolver emocionalmente com um de seus alvos.
Sentido: nenhum. Coerência: zero.
Chegamos às cenas de ação que talvez pudessem trazer algo diferente. O diretor Olivier Megaton (Colombiana) decepciona novamente com cenas que acrescentam pouco ou nada ao gênero. Seu histórico de filmes confirma que talvez ele ache que personagens que possamos acreditar seja um luxo que o gênero não permite. A história do cinema diz outra coisa.
Nota: 2
Confira o trailer: