Ozark surgiu em um vácuo que Breaking Bad deixou. Uma série em que os heróis são vilões e que descobrimos como não é exatamente uma vida fácil. O universo do tráfico de drogas com toques mexicanos deve ser a única semelhança. Se Walter White vivia e um ambiente cálido e sufocante, o mundo dos Byrde é mais frio e inóspito. É menos sobre a explosão que uma anfetamina causa e mais sobre o frio que morte e o desespero deixam. Talvez porque não é uma série sobre químicos que criam a droga, mas de pessoas que lavam o dinheiro para os traficantes.
Nesta terceira temporada, Martin Byrde (Jason Bateman) e Wendy (Laura Linney) têm o desafio de provar a Helen Pierce (Janet McTeer) que conseguem dar conta de toda lavagem de dinheiro para o Cartel Navarro e ainda dar conta de seus problemas pessoais. Infelizmente, os problemas psiquiátricos de Ben (Tom Pelphrey) e seu relacionamento amoroso com Ruth Langmore (Julia Garner) prometem dificultar tudo.
Se a primeira temporada de Ozark era sobre Martin como patriarca e a segunda sobre Wendy como matriarca, podemos dizer que a terceira foca nos conflitos da família Byrde. Em especial: quem são, realmente, seus membros? Afinal, Ruth é parte da família como uma prima próxima ou como uma empregada doméstica de uma família de elite? Ben é o tio problemático ou apenas um incômodo que deve ser enviado para onde não atrapalha? E Helen virou mesmo uma amiga da casa Byrne?
A terceira temporada de Ozark aprofunda este conflito levando cada personagem em uma jornada de autoconhecimento. Nenhum deles vai mudar ou evoluir, mas vão deixar mais claro quem realmente são: sobreviventes e assassinos. Byrne ou outro sobrenome. Sorte ou azar. Em seu final-clímax, consegue engatar um plot para a quarta temporada ou fechar a série. Afinal, é uma história completa dos Byrne conseguindo o que sempre foi sua prioridade desde que chegaram à cidade: sobreviver. Mesmo que para isso deixem alguns corpos no caminho.
Do primeiro ao último episódio, uma série da Netflix que eleva o nível de qualidade da plataforma de streaming. Ozark entra no rol de séries clássicas necessárias para se assistir quando você quiser entender como funciona uma boa série de TV.
Nota: 10