A resposta para a pergunta do título está no próprio filme. A origem de Longlegs, vilão do filme dirigido por Osgood Perkins, aparece nas entrelinhas da maquiagem do personagem-título, interpretado por Nicolas Cage e desempenha um papel crucial na construção de seu passado misterioso e perturbador. Mais do que apenas uma escolha estética, sua caracterização física serve como uma janela para sua história pessoal e psicológica.
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A maquiagem de Longlegs, com seus lábios inchados, nariz desproporcional e pele pálida, quase cadavérica, sugere uma figura que está à beira da morte ou que já cruzou esse limiar. Esse visual específico não apenas intensifica a aura de mistério em torno do personagem, mas também reflete uma vida marcada por eventos traumáticos, algo que Cage traz à tona em sua performance.
De acordo com a revista Vulture, Cage se inspirou em várias fontes para construir Longlegs, incluindo a memória de sua mãe aplicando creme frio no rosto, uma imagem que o aterrorizou na infância. Esse detalhe aparentemente trivial ganha vida através da maquiagem, que não apenas esconde, mas também revela aspectos essenciais do personagem. A pele branca e assombrosa de Longlegs é um reflexo direto dessa memória de infância, um ponto de partida para Cage explorar as profundezas da psique de seu personagem.
A performance de Cage, por sua vez, é um exemplo claro de sua abordagem “Nouveau Shamanic“, onde utiliza técnicas teatrais e cinematográficas para transcender o realismo tradicional e adiciona camadas ao personagem através de gestos, como um andar tenso e um canto desafinado, que tornam Longlegs tanto perturbador quanto fascinante. O rosto pintado, em conjunto com essas escolhas interpretativas, sugere que o personagem está preso entre o mundo dos vivos e dos mortos, uma alma torturada que não encontra paz. Em entrevistas, Cage e o diretor falaram de um passado em que o personagem seria um artista de glam rock que exagerou em cirurgias para manter a juventude e deformou seu rosto. A crítica Willow Catelyn Maclay, menciona que a atuação de Cage “é sombreada com os mais tênues elementos da grotesquerie trans feminina do cinema” e que, de forma subconsciente, o espectador moderno pode captar essas influências.
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