Uma curiosidade pouco comentada sobre Porta dos Fundos – A Primeira Tentação de Cristo é que o filme emula o nome de um longa dirigido por Martin Scorcese e estrelado por Willem Dafoe. Se a produção norte-americano se tornou uma quebra de paradigma das cinegrafias sobre Jesus Cristo, a história exibida no Netflix e dirigida por Rodrigo Van Der Put é bem mais despretensiosa e teria menos repercussão do que, por exemplo, A Vida de Brian (clássico do Monty Python que completou quatro décadas em 2019) se não fosse desculpa para um atentado fundamentalista.
O grupo Porta dos Fundos se firmou rápido como um enorme case de sucesso no YouTube e não hesitou em buscar dominar novas mídias, mas ainda não alcançou o mesmo êxito. No ano passado, Se Beber, Não Ceie parecia uma série de esquetes sem uma trama central. Mais uma playlist do youtube filmada no mesmo cenário ao invés de um longa-metragem. Porta dos Fundos – A Primeira Tentação de Cristo é uma evolução neste sentido. Com uma história maior, que se sustenta a partir das piadas do grupo. No caso, Jesus (Gregório Duvivier) volta após um período de peregrinação no deserto com um… Amigo. Ao mesmo tempo, José, Maria (Evelyn Castro) e… o “Tio Vitorino” (Antonio Tabet) parecem querer revelar algo para ele.
O especial de Natal do Netflix é uma diversão para adultos que não desrespeita mais a bíblia do que uma peça de teatro ou outro filme com um Jesus branco ou que ignore a relação de Maria Madalena com Jesus. É uma ficção. Não há uma só linha na bíblia que garanta que Jesus era heterosexual, gay ou bissexual. É provável apenas que não fosse zoófilo. Risos.
Como uma diversão despretensiosa, Porta dos Fundos – A Primeira Tentação de Cristo é uma chance de rir e esquecer rapidamente uma adaptação curta e rápida de parte da história mais famosa da humanidade. O mais importante é notar que na história o bem vence o mal no fim. Que seja assim na vida real também e que os terroristas que tentaram destruir uma empresa de criação sejam presos.
Nota: 8
