Desde a última sexta-feira, todo mundo quer saber: Por que Chaves saiu do SBT? Afinal, como maior produto da casa era de se esperar que Silvio Santos pagasse tudo o que pudesse à Televisa para segurar o personagem de Roberto Gomes Bolaños na casa. Então, o que aconteceu?
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Na verdade, a questão depende muito menos do SBT do que as pessoas pensam. O protagonista desta história é um personagem novo chamado Roberto Gómez Fernández, filho de Bolaños, e atual responsável por representar o lado da família nesta história. Afinal, a Televisa é proprietária de todos os episódios originais de Chaves, mas os roteiros e personagens são de propriedade do Grupo Chespirito, controlado por Fernández.
De acordo com o site Notícias da TV, em 2019, Fernández esteve na Mipcom, maior feira de TV do mundo. Na ocasião, ele revelou muito de seus planos para o futuro do que ele chama de… Universo de Mídia do Chespirito, o UMC. Este nome reuniria todas as produções ligadas a Bolaños inclusive animações e uma cinebiografia sobre sua vida. Mas o que tudo isso teria a ver com a saída de Chaves da TV aberta brasileira?
Fernández tem em sua mão mais de cem personagens criados pelo próprio pai e quer potencializar este recurso em algo muito maior do que o que conhecemos. Sua ideia é trazê-los para videogame, quadrinhos, animação, cinema e… TV! Todo UMC é feito pelo Grupo Chespirito e a TH3 Media Group, empresa que produz conteúdo para TV e cinema e foi criada por Bruce Boren, ex-vice-presidente da Televisa. A empresa mexicana é justamente a proprietária de Chaves como nós conhecemos.
Por que Chaves saiu do SBT?
A Televisa foi excluída desta parceria que quer expandir a marca e não ficou satisfeita. Afinal, por décadas distribuiu este conteúdo pela América Latina e pelo mundo pagando sempre um valor ao Grupo Chespirito. Só que com as recentes mudanças, há uma especulação de que o UMC aproveitará os roteiros antigos da série, de propriedade de Fernández, e irá fazer um reboot de Chaves, com outros atores vivendo os mesmos personagens.
Nesse caso, a Televisa correria o risco de valorizar um produto que pode ir para a concorrência ao mesmo tempo que o Grupo Chespirito vê no ar uma marca que quer renovar. É como a Sony lançando novos filmes do Homem-Aranha com novos atores, independente ou não de sucesso, para que o personagem sempre alcance novas pessoas e gerações. Já tivemos Tobey Maguire, Andrew Garfield e, atualmente, Tim Holland.
O Notícias da TV diz, inclusive, que há dúvidas se Fernández realmente queria renovar o acordo com a Televisa. Afinal, uma vez refilmada ele pode negociar a nova produção diretamente com a empresa que quiser: a própria Televisa, o SBT ou a Netflix. Aliás, a plataforma de streaming já recebeu o reboot de Os Cavaleiros do Zodíaco, por exemplo.
Em outras palavras, Fernández vê Chaves daqui para a frente como uma franquia. E não mais como uma série clássica e filmada com poucos recursos décadas atrás. O tempo dirá se ele acertou e conseguiu trazer um novo público para a série com estas mudanças ou se banalizou um dos universos mais queridos no Brasil e no mundo.