Pobres Criaturas pode ficar sem estatueta do Oscar mas já tem tudo para ser seu filme favorito em 2024. Assim como Lagosta, também dirigido por Yorgos Lanthimos, é um filme bonito mas muito diferente do que Hollywood costuma nos apresentar. Uma fábula feminista com ares de sci-fi e atuações perfeitas em uma jornada impecavel.
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Não deixa de ser curioso que o filme feminista mais proximo do Oscar seja dirigido e escrito por homens baseado em… Um livro escrito por outro homem! Sim, Lanthimos dirige a historia escrita por Tony McNamara baseada no livro do escritor irlandes Alasdair Gray: Poor Things: Episodes from the Early Life of Archibald McCandless M.D., Scottish Public Health Officer, ainda sem tradução no Brasil.
Um cientista que tenta desvendar os segredos da vida consegue a cobaia perfeita para seus experimentos: uma mulher grávida que tenta se suicidar jogando-se de uma ponte. Nessa travessia da vida para a morte, o dr. Godwin Baxter (Willem DaFoe) cria um ser novo. Ele transplanta o cérebro do bebê nascituro para o corpo da mãe e a batiza de Bella Baxter (Emma Stone). Com a ajuda do assistente Max (Ramy Youssef), o cientista consegue criar sua “filha” com discrição até que o vilanesco Duncan (Mark Ruffalo) convence a jovem inocente a escapar com ele justamente quando ela começa a descobrir mais sobre seu próprio corpo.
A história com toques de realismo fantástico pode parecer uma trama de ficção científica, mas o foco não é a ciência e sim a auto-descoberta de Bella não só em relação ao seu corpo mas também aos seus desejos e de quais as melhores formas de realiza-lo. Não é nada estranho que o clímax da trama seja um vilão que tenta repetir o mesmo tipo de crime que mulheres sofrem em outras partes do mundo. Esta é uma história de como uma mulher enfrenta e derrota um feminicida.
De todas as escolhas do diretor, admito que as cenas de sexo com Emma Stone me parecem um tanto quanto exagerada para a compreensão da história. Por outro lado, não temos lá muitos filmes que exploram uma mulher em busca de como realizar seus desejos sexuais. É um contraste entre a pureza infantil de Bella e seu amadurecimento. No fim, a história se basta. Pobres Criaturas passa longe de ser um dos favoritos ao Oscar 24 mas certamente é uma produção que a gente gostaria que vencesse.
Nota: 10
Confira o trailer de Pobres Criaturas: