Josh Hartnett as Ethan Chandler, Eva Green as Vanessa Ives, Danny Sapani as Sembene, Harry Treadaway as Dr. Victor Frankenstein and Timothy Dalton as Sir Malcolm in Penny Dreadful (season 1, episode 8). - Photo: Jonathan Hession/SHOWTIME - Photo ID: PennyDreadful_108_0011

Penny Dreadful: o melhor do horror

Série tomou como referência três das maiores obras-primas literárias com personagens icônicos do horror: Drácula, Frankenstein e Dorian Gray.

Em 2014, estreava na televisão a série Penny Dreadful. O nome da série faz menção a publicações bastante populares, com histórias sangrentas de horror, na Inglaterra do fim do século XIX. Penny Dreadful, em suas três temporadas, tomou como referência três das maiores obras-primas literárias com personagens icônicos do horror: Drácula, Frankenstein e Dorian Gray.

++ Leia também: do slasher à renovação

O primeiro episódio da série centra-se na busca por uma jovem cujo desaparecimento é investigado pelo pai e pela sua melhor amiga, que contratam um pistoleiro para auxiliá-los nesse trabalho. Nessa busca o trio acaba se defrontando com criaturas sobrenaturais assustadoras. Mina, a jovem desparecida, foi levada por um homem perigoso e sedutor, numa referência a Drácula.

O desenrolar da primeira temporada se dá por meio da busca por Mina, com cenas de flashback dos diferentes personagens. Resolvido esse desenlace, na segunda temporada o espectador é apresentado ao universo das bruxas e, na terceira, finalmente encontra Drácula.

O desenrolar da série coloca o espectador diante de uma aventura sobrenatural empolgante, cujo centro é, como logo se descobre, a disputa pela alma da protagonista, Vanessa Ives, interpretada por Eva Green. O vínculo de sua alma atormentada com uma poderosa figura sobrenatural é explorado ao longo das três temporadas da série, com destaque para um episódio de possessão da protagonista, em uma brilhante interpretação de Green.

Completam ainda o núcleo de protagonistas o jovem Frankenstein, que se vê diante dos problemas provocados por ter criado algo que enxerga como um monstro. O curioso é que nesse mundo de tantas maldades e personagens em busca de redenção a criatura de Frankenstein, ainda que com seus erros, é um ser sensível, quase uma criança no corpo de adulto, que ama poesia e tenta entender a caótica realidade ao seu redor. São também personagens relevantes Dorian Gray, com seus mistérios e festas, e Brona Croft, também ressuscitada por Frankenstein.

A série é possivelmente uma das melhores – talvez até mesmo a melhor – realizada nos últimos anos na televisão. O roteiro é de uma maestria raramente encontrada. O conjunto de atores, mesmo diante de um limitado Josh Hartnett, mostram um trabalho competente, pincipalmente por parte de Green e dos menos conhecidos Billie Piper, que interpreta Brona, e Rory Kinnear, que dá vida ao monstro de Frankenstein. Percebe-se um elevado custo de produção, não para garantir efeitos especiais perfeitos, e sim para fazer a reconstrução de uma Londres suja e perigosa que parece ter sido saída diretamente dos livros que inspiraram a série.

Mesmo sendo uma série de horror, o centro de Penny Dreadful está em apresentar uma densa reflexão sobre a humanidade, seus sofrimentos, e quais os caminhos que aquelas almas atormentadas podem seguir diante de situações extremas. A série é a melhor forma de entender o horror enquanto uma narrativa sobre um mundo em desequilíbrio na qual pessoas comuns enfrentam seus medos e precisam encontrar caminhos para superar o labirinto em que estão imersas.

Arquivos

Leia Mais
Água doce – Freshwater