O Japão é uma terra de belas fotografias e cinema, como o diretor Akira Kurosawa cansou de provar. Pássaro do Oriente é mais um capítulo a parte do que o país provou na década passada, com O Chamado e outros filmes: o Japão também é capaz de assustar. E muito.
1989. Em Tóquio, a gaijin Lucy Fly (Alicia Vikander), é assombrada por um passado sinistro e um presente confuso. Ela inicia um intenso relacionamento com Teiji (Naoki Kobayashi), um fotógrafo amador local e, logo depois, passa a conhecer Lily Bridges (Riley Keough), que também se envolve com o casal.
Pássaro do Oriente não é uma produção fácil se você gosta de filmes de terror que dão sustos e mostram muito sangue. A direção de Wash Westmoreland é lenta, mas rústica. Através de sua lente, vemos pelos olhos de Lucy Fly que sua atração por Teiji não é diferente de uma estudante de artes que contempla uma estátua renascentista. Ele não é só um amante ou uma paixão, mas um objeto de veneração. Uma deidade. Da mesma forma, a Tóquio do diretor britânico (Still Alice) é uma cidade fria, distante, porque é o olhar dos gaijins que vivem nela. Mesmo a sua relação de amizade com Natsuko (a belíssima Kiki Sukezane) é algo tenso, abrupto.
Aliás, Teiji e Tóquio são quase o mesmo personagem. Confudem-se como cenários que acolhem e repelem Lucy, perturbada por problemas do passado e confusa pelos seus relacionamentos e insegurança. É ela o Earthquake Bird (“pássaro-terremoto”, numa tradução livre) do título original de Pássaro do Oriente, tradução mais pobre que deram ao título no Brasil.
Riley Keough defende bem seu papel com uma Lily que só não é protagonista porque não vemos o filme através de seus olhar. Ela é mais uma vítima na trama. Ou seria uma antagonista? Para Lucy são essas ambiguidades entre ela e Teiji que a perturbam, enlouquecem e fazem reviver seus próprios traumas e relação com a morte. Destaque para a atuação viril de Naoki Kobayashi, ora dublê e ora vilão. O oriente e seus mistérios.
Nota: 9
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