Os Cavaleiros do Zodíaco não são apenas uma série de mangá ou anime, mas um marco da cultura pop em todo o mundo. Seu sucesso inegável no Brasil e no mundo transformaram Seya e seus amigos em algo tangível para a personalidade de milhões de otakus e nerds. Quantas vezes o me-dê-sua-força-pégaso não foi citado em brincadeiras, encontros entre amigos ou até mesmo em momentos difíceis, como o nobre entei-tá-tudo-bem-agora? Quando a nova produção do Netflix decide mexer nesse cânone traz benefícios e desafios.
Os benefícios são óbvios. O background de seus personagens é imenso assim como sua base de fãs, enlouquecidos por qualquer novidade a respeito. Por mais que haja os chatos – e chato se ignora – a realidade é que essa trupe respeitará qualquer coisa bem feita com seus heróis. Mesmo que não sejam o público-alvo. O desafio é justamente fazer bem feito.
O novo Os Cavaleiros Zodíacos, do Netflix, começou a receber mais atenção em um motivo pouco nobre: mudar o sexo de um personagem gay na versão. O roteirista Eugene Son usou muitos eufemismos para explicar algo que não dá mais espaço às mulheres, mas sim tira do público LGBTQ+ um ícone valioso. Son chegou a afirmar que quem se sentia incomodado seria porque “a série talvez não seja para você”.
Ora, então para quem é?
A pergunta não é sem sentido. O novo desenho parte da mitologia criada pelo desenho original, mas fragiliza todo impacto dramático. O conflito entre Seya e Shiriu, por exemplo, é resolvido em três minutos de episódio e termina exatamente como na versão original. Sem nenhuma novidade, emoção ou impacto, conheça você ou não a animação clássica. O mesmo ocorre com a apresentação de personagens interessantíssimos como Ikki, Hyoga e outros. Até mesmo a introdução do Cavaleiro de Pégaso empobrece em relação ao original assim como seu antagonismo com a amazona China. É um reboot que banaliza a franquia.
Usando toda a história original sem trazer absolutamente nada novo além do 3D, que é inferior a arte original, Os Cavaleiros de Zodíaco é como comparar uma carne artesanal com um embutido. Você reconhece algo do que te fez gostar daquilo, mas é uma imitação barata que traz poucas coisas boas e novas. Mas as coisas novas não são boas. E as boas não são novas. Além de piadas de gosto duvidoso com um bueiro, fica a dúvida do que exatamente foi feito em termos de criação de história.
Talvez as próximas temporadas pudessem esclarecer isso, mas o melhor seria que a série ficasse por aqui. Afinal, nada é tão ruim que não possa piorar.
Nota: 3