Inspirada na série de graphic novels de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang, a 1ª temporada de Paper Girls estreou no Amazon Prime Video na última sexta-feira (29). Mesclando jornadas de amadurecimento com viagens no tempo a trama não traz nada revolucionário, mas ajuda a romper o status quo.
Nas primeiras horas de 1º de novembro de 1988, quatro garotas saem para entregar jornal. É o primeiro dia de trabalho de Erin (Riley Lai Nelet), que por começar justamente no dia seguinte ao Halloween precisa da ajuda e experiência de Tiff (Camrym Jones), Mac (Sofia Rosinsky) e KJ (Fina Strazza). Porém, o que parecia apenas um péssimo dia de trabalho se transforma na pior experiência de suas vidas.
Apesar de ser rotulada por muitos como uma “contrapartida feminina de Stranger Things”, é bom reforçar que as tramas são bem distintas. Acredito que a comparação tenha surgido junto com as imagens de divulgação da Amazon, que parecem fazer questão de ressaltar elementos comuns. Mas além dos céus coloridos, crianças de bicicleta que se envolvem em aventuras bizarras e a década de 1980, Paper Girls não tem nada a ver com a queridinha da Netflix.
A série tem como pontos fortes suas protagonistas e seus respectivos desenvolvimentos. Mesmo precisando de três episódios até que o espectador estabeleça um vínculo de empatia com as personagens, é preciso reconhecer que são bem construídas. Erin, Tiff, Mac e KJ possuem características e personalidades bem distintas umas das outras, o que às vezes gera atritos. Principalmente porque não eram amigas, algumas mal se conheciam. No entanto, existem momentos de sororidade em que percebem que juntas são mais fortes. E convenhamos, é difícil ver histórias que mostrem a união feminina.
O fato das personagens serem crianças de 12 anos com comportamentos pertinentes a idade contribui para torná-las verossímeis, além das atuações sinceras. (É simplesmente irritante quando infantilizam demais crianças dessa fase ou as transformam em miniadultos.) E quando descobrem seus futuros por meio de suas versões adultas, o resultado é bem impactante. Nos fazendo pensar se o que nos tornamos agradaria nossos “eus” de 12 anos.
Por outro lado, o pano de fundo deixa a desejar. E como alguém que adora histórias de viagens no tempo, é difícil criticar justamente esse aspecto da série. Mas além de não trazer nada realmente inovador, não consegue nem mesmo fazer algo convincente ou único. Se não fosse pelo icônico vilão simultaneamente ameaçador e hilário magistralmente interpretado por Jason Mantzoukas (Brooklyn Nine-Nine, The Good Place), seria uma perda total.
Porém, numa visão geral, Paper Girls tem um saldo bastante positivo. Ainda não há indícios de renovação, mas espera-se que a Amazon se pronuncie o quanto o antes pelo bem da continuidade da trama. Afinal, com crianças como protagonistas é preciso correr contra o tempo. Ainda mais quando as atrizes já têm alguns anos a mais que as personagens, corre-se o risco de perder a verossimilhança.
A criação televisiva de Paper Girls é de Stephanie Folson, e na produção-executiva estão os próprios Brian K. Vaughan e Cliff Chiang, além de Brad Pitt. Todos os 8 episódios da 1ª temporada já estão disponíveis na Amazon Prime Video.
Nota: 8
Confira o trailer: