Fernanda Torres, em roupa de gala, em fotomontagem divulgada pela Academia de Holllywood por ocasião do Oscar 2025

Oscar 2025: meu post anual de palpites dos vencedores do Troféu Imprensa do cinema mundial

Em uma temporada disputada, as estatuetas serão divididas entre vários filmes (e pelo menos uma delas irá para Ainda Estou Aqui)

Há pelo menos 13 anos publico o meu bolão de vencedores do Oscar. O ano em que acertei o maior número de ganhadores foi 2014, quando cravei 21 de 24 estatuetas. Em 2024, acertei 17 de 23 (foram 24 categorias até 2021, quando a Academia decidiu unificar as categorias de Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som). Vamos ver qual será o meu desempenho neste ano: estou torcendo para acertar 22 de 23 (não é difícil supor qual é a categoria em que prefiro estar errado nos meus palpites do Oscar 2025).

Melhor Filme

Quem deve vencer: Conclave.

Quem pode ganhar: Anora ou O Brutalista.

Quem mereceria vencer: Tudo que Imaginamos como Luz. Aqui, cito o maior injustiçado desta temporada de 2025: o filme dirigido e roteirizado pela indiana Payal Kapadia foi considerado o melhor ano pela prestigiada revista Sight and Sound e ganhou o Grand Prix do Festival de Cannes, mas acabou sendo absolutamente esquecido pelo rolê do Oscar.

Melhor Direção

Quem deve vencer: Sean Baker (Anora).

Quem pode ganhar: Brady Corbet (O Brutalista).

Quem mereceria vencer: Coralie Fargeat (A Substância).

Melhor Atriz

Quem deve vencer: Demi Moore (A Substância).

Quem pode ganhar: Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui) ou Mikey Madison (Anora).

Quem mereceria vencer: Fernanda Torres. Com certeza e sem patriotismo demagógico.

Melhor Ator

Quem deve vencer: Timothée Chamalet (Um Completo Desconhecido).

Quem pode ganhar: Adrien Brody (O Brutalista).

Quem mereceria vencer: Sebastian Stan. Ainda não consegui ver O Aprendiz, o filme pelo qual ele foi indicado, mas sua atuação em Um Homem Diferente, o longa mais charliekaufmanniano de 2025, é sensacional.

Melhor Roteiro Original

Quem deve vencer: Anora.

Quem pode ganhar: O Brutalista ou A Verdadeira Dor.

Quem mereceria vencer: Tudo que Imaginamos como Luz.

Melhor Roteiro Adaptado

Quem deve vencer: Conclave.

Quem pode ganhar: Um Completo Desconhecido.

Quem mereceria vencer: O Reformatório Nickel.

Melhor Atriz Coadjuvante

Quem deve vencer: Zoe Saldaña (Emilia Pérez).

Quem pode ganhar: Ariana Grande (Wicked) ou Monica Barbaro (Um Completo Desconhecido).

Quem mereceria vencer: Ariana Grande, Felicity Jones (O Brutalista), Margaret Qualley (A Substância) ou Renate Reinsve (atriz norueguesa que já havia sido injustiçada pela não-indicação de sua performance apaixonante em A Pior Pessoa do Mundo e, mais uma vez, foi esquecida pela Academia por sua atuação em Um Homem Diferente)

Melhor Ator Coadjuvante

Quem deve vencer: Kieran Culkin (A Verdadeira Dor).

Quem pode ganhar: Edward Norton (Um Completo Desconhecido).

Quem mereceria vencer: Selton Mello. A ausência após sua atuação iluminosa na primeira parte de Ainda Estou Aqui me fez lembrar de Mahershala Ali em Moonlight – alguém que brilha no começo do filme, sai de cena após pouco tempo de tela e, ainda assim, permanece presente em sua ausência. Assim como Mahersala ganhou o Oscar de Ator Coadjuvante, Selton mereceria ser igualmente e justamente premiado com uma estatueta.

Melhor Filme Internacional

Quem deve vencer: Ainda Estou Aqui.

Quem pode ganhar: Emilia Pérez. Vamos bater na madeira 3 vezes: se isso acontecer, será a maior injustiça cometida pelo Oscar desde o ano nefasto em que Crash ganhou de O Segredo de Brokeback Mountain.

Quem mereceria vencer: Tudo que Imaginamos como Luz. Como escrevi algumas linhas acima: não há patriotismos ideológicos nas minhas opiniões. Ainda Estou Aqui é um excelente filme; porém, menos mal para a torcida brasileira, o filme indiano nem pôde concorrer nesta categoria porque o comitê do país, em vez de selecionar o trabalho magistral de Payal Kapadia, decidiu submeter para a Academia algum filme escrito e dirigido por homens.

Melhor Edição

Quem deve vencer: Conclave.

Quem pode ganhar: Anora ou O Brutalista. Fique de olho nesta categoria ao longo da noite de premiações: em um ano tão disputado, o resultado deste Oscar provavelmente antecipará o vencedor da estatueta de Melhor Filme.

Quem mereceria vencer: Conclave ou Trilha Sonora para um Golpe de Estado (documentário que merecia ter sido indicado para diversas outras categorias).

Melhor Fotografia

Quem deve vencer: O Brutalista.

Quem pode ganhar: Maria ou Nosferatu.

Quem mereceria vencer: Conclave, A Garota da Agulha, O Reformatório Nickel ou A Substância. Quatro filmes que inexplicavelmente não foram indicados nesta categoria, por conta do delírio – e da grana investida pela Netflix – chamado Emilia Pérez.

Melhor Figurino

Quem deve vencer: Wicked.

Quem pode ganhar: Conclave.

Quem mereceria vencer: Wicked ou Nosferatu.

Melhor Maquiagem e Cabelo

Quem deve vencer: A Substância.

Quem pode ganhar: Um Homem Diferente.

Quem mereceria vencer: A Substância ou Um Homem Diferente.

Melhor Design de Produção

Quem deve vencer: Wicked.

Quem pode ganhar: Conclave, O Brutalista ou Duna: Parte 2.

Quem mereceria vencer: qualquer um dos indicados desta categoria, cuja lista é completada por Nosferatu, tem muitos méritos para conquistar a estatueta.

Melhor Trilha Sonora

Quem deve vencer: O Brutalista.

Quem pode ganhar: Conclave ou Wicked.

Quem mereceria vencer: Rivais. Uma das maiores injustiças deste ano foi a ausência da trilha sonora disruptiva deste filme de Luca Guadagnino, composta pela mesma dupla Trent Reznor & Atticus Ross que já venceu duas estatuetas nesta categoria, ambas de forma absolutamente merecida, pelos seus trabalhos em A Rede Social e Soul.

Melhor Canção Original

Quem deve vencer: “El Mal” (Emilia Pérez).

Quem pode ganhar: “The Journey”, de The Six Triple Eight. Se esta música, que rendeu a Diane Warren sua 16ª indicação ao Oscar, vencer nesta categoria, podem cravar: Emilia Pérez só vencerá com Zoe Saldaña (ou não, porque uma derrota aqui aumentará substancialmente as chances de Ariana Grande).

Quem mereceria vencer: “Compress / Repress”. Mais uma categoria em que Trent Reznor & Atticus Ross deveriam ter sido indicados.

Melhor Som

Quem deve vencer: Duna: Parte 2.

Quem pode ganhar: Um Completo Desconhecido, Wicked ou O Robô Selvagem.

Quem mereceria vencer: qualquer um dos indicados desta categoria, com a óbvia exceção de Emilia Pérez, tem seus predicados para levar a estatueta.

Melhores Efeitos Visuais

Quem deve vencer: Duna: Parte 2.

Quem pode ganhar: O Reino do Planeta dos Macacos.

Quem mereceria vencer: Duna: Parte 2.

Melhor Longa de Animação:

Quem deve vencer: Flow.

Quem pode ganhar: O Robô Selvagem.

Quem mereceria vencer: Flow. O filme de Gints Zilbalodis que está fazendo pela Letônia o mesmo que Ainda Estou Aqui pelo Brasil: mais do que um indicado ao Oscar, virou uma febre, um fenômeno cultural e um orgulho nacional.

Melhor Documentário

Quem deve vencer: No Other Land.

Quem pode ganhar: Porcelain War, Sugarcane ou Trilha Sonora para um Golpe de Estado.

Quem mereceria vencer: No Other Land (que no Brasil ganhou o título de Sem Chão) é o filme mais necessário e importante desta categoria, enquanto Trilha Sonora para um Golpe de Estado é o mais ousado, igualmente relevante e cinematograficamente admirável. O Oscar estará em excelentes mãos caso vá para um destes filmes.

Melhor Curta-Metragem

Quem deve vencer: The Man Who Could Not Remain Silent.

Quem pode ganhar: A Lien (que aborda um tema atualíssimo nos Estados Unidos de Trump, expulsão de imigrantes, e talvez vença por causa do contexto atual).

Quem mereceria vencer: The Man Who Could Not Remain Silent, apesar de sua curta duração, pertence à seleta classe de filmes que, uma vez assistidos, dificilmente saem dos nossos pensamentos. Não à toa ganhou, merecidamente, a Palma de Ouro de Cannes na categoria de curta de live action.

Melhor Curta-Metragem de Animação

Quem deve vencer: Wander to Wonder.

Quem pode ganhar: Beautiful Men.

Quem mereceria vencer: Wander to Wonder. O mais ousado e inventivo desta categoria.

Melhor Curta-Metragem de Documentário

Quem deve vencer: I Am Ready, Warden.

Quem pode ganhar: Incident ou The Only Girl in the Orchestra.

Quem mereceria vencer: Incident, que consegue contar uma história revoltante de violência policial através da edição habilidosa de imagens capturadas por câmeras corporais e de segurança.

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