Baseado no interessante livro American Prometheus, Oppenheimer é um filme de quase um bilhão de dolares que teve uma recepção propocional, ocupando todo noticiário de cinema quando lancado. Resta saber se vale a pena assistir na telona, no streaming e refletir sobre a pertinência da história que Christopher Nolan resolveu contar. A concorrência de filmes é agressiva.
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J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy) é o cientista responsável por liderar o Projeto Manhattan, um programa confidencial dos Estados Unidos cujo objetivo era desenvolver uma bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Em meio investimentos e pressão de um projeto que não podia falhar, vive a pressão do amor instável com Jean Tatlock (Florence Pugh) e Katherine (Emily Blunt) apenas para descobrir que sua maior realização pode ser também seu maior fracasso.
Apesar do orçamento milionário, Oppenheimer dificilmente chegará aos cinemas japoneses por um motivo óbvio. É uma história que ignora o ponto de vista de Hiroshima e Nagasaki, focando no ponto de vista do gênio Oppenheimer como um físico quântico politicamente inocente, amorosamente imaturo e que, pasmem, não esperava que sua arma fosse usada e, se usada, fosse banalizada. Graças a sua descoberta, nações do mundo tem o poder de destruir o planeta algumas dezenas (talvez centenas) de vezes.
A tentativa de transformar essa história em uma jornada de autoconhecimento e de arrependimento já soaria piegas com o que houve em Hiroshima e Nagasaki. Soa patético transformar um homem adulto em vítima das circunstâncias sem que haja uma única imagem do legado de mortes e vítimas de radiotividade com o selo Oppenheimer de inventividade. A ciência não é boa ou má, mas o uso que fazemos dela sim. E ninguém constrói uma bomba com a expectativa de gerar paz mas de explodir pessoas e lugares. Em tempos de guerra, a inocência no cinema é só retórica de um mundo dimensional em que o bem sempre vence. Pífio.
Nota: 0
Confira o trailer de Oppenheimer: