Completando quase dois anos de espera angustiante a Netflix enfim no trouxe a 2ª temporada de Sombra & Ossos (Shadow & Bone) em 16 de março. A série inspirada nos livros de Leigh Bardugo (já resenhados aqui no Popoca pela Laura Cunha) prometia retornar com mais emoção e magia. Mas acabou trazendo confusão e um constante pensamento de “que diabos fizeram com essa série?”.
Quando comecei a nova temporada, me senti perdida. Inicialmente pensei se dever ao longo hiato, mas o sentimento piorou. Se a série já tinha muitos personagens, a quantidade agora praticamente dobrou. Com núcleos que quase não se cruzam e uma linha temporal estranha. Tinha algo bem errado ali.
Atenção: Contém spoilers!
E qual foi minha surpresa ao descobrir que o showrunner Eric Heisserer resolveu compactar os dois últimos volumes da trilogia Sombra & Ossos (Sol & Tormenta e Ruína & Ascensão) e mesclar elementos de Crooked Kingdom, o segundo volume de Six of Crows. É natural que como a primeira temporada já unia Sombra & Ossos com Six of Crows que a mistura continuasse, mas três livros ficou coisa demais.
Tudo bem, Alina (Jessie Mei Li) está menos chata e Kirigan (Ben Barnes) finalmente passou a se portar como vilão. Mas a história parecia já não bater. Enquanto alguns acontecimentos parecem se arrastar tão morosamente quanto uma lesma, outros se atropelam. Na verdade, os episódios com média de 1 hora de duração parecem ter cerca de 10 minutos que realmente valham.
Até o querido trio formado por Kaz (Freddy Carter), Inej (Amita Suman) e Jesper (Kit Young) sofreu. Com Nina (Danielle Galligan) e o novato Wylan (Jack Wolfe) inseridos ao bando, os Corvos tiveram uma trama paralela interessante mas desconexa. Embora alguns de seus feitos estejam ligados à Alina e a batalha contra o Darkling, em boa parte do tempo pareciam fazer parte de uma série totalmente distinta. O que é bem ruim para o acompanhamento da trama.
Se por um lado tivemos o acréscimo de ótimos personagens como Nikolai (Patrick Gibson) e os gêmeos Tolya (Lewis Tan) e Tamar (Anna Leong Brophy), seu carisma ficou perdido em meio a tanta informação. E mesmo percebendo uma forte ligação entre eles, não houve tempo para entendê-la.
O season finale foi uma bizarrice à parte. Se por sete episódios a trama se arrastou, no oitavo pareceu final de novela. Foi como se tudo de repente se resolvesse e as cenas restantes tivessem que cada uma dar conta de traçar o destino de cada personagem. E mesmo os cliffhangers deixados sendo interessantes, não sei se sustentarão uma nova temporada.
E se você acha que não pode piorar, pois saiba que pode sim. Em entrevista à Entertainment Weekly, Heissener revelou estar trabalhando em um spin-off centrado nos Corvos. A produção ainda está em fase inicial e precisa ser aprovada pela Netflix, mas a princípio seria uma minissérie cuja parte dela ocorreria durante os acontecimentos finais dessa 2ª temporada de Shadow & Bone. Se por um lado pode esclarecer algumas coisas, por outro pode ficar repetitivo.
O sinal verde para o spin-off, bem como a renovação de Shadow & Bone, depende do desempenho dessa última leva de episódios. Até o momento, Shadow & Bone vem se mantendo no Top 10 da plataforma. Mas as críticas não estão boas, e os comentários da audiência também não. A Netflix já cancelou séries por muito menos, mas também é conhecida por tomar decisões incompreensíveis. Resta aguardar e ver o que acontece.
Nota: 7 (Em respeito aos personagens de que gosto.)
Confira o trailer:
