Há uma instalação – funcionando como um enorme poço – em que pessoas vivem em duplas espalhadas por centenas de andares. A comida chega por elevador, tornando os primeiros andares mais privilegiados que os últimos até que Goreng (Ivan Massagué), que chegou ao lugar por vontade própria, resolve questionar as estruturas e tentar mudar o ambiente de O Poço. Confira o trailer do filme:
A produção dirigida por Galder Gaztelu-Urrutia não é uma produção panfletária ou crítica ao capitalismo (até porque também mostra as fragilidades do socialismo), mas ao próprio ser humano. Afinal, os limites da solidariedade se cruzam com os da auto-sobrevivência com a nossa própria humanidade como árbitra. São sentimentos subjetivos, nem sempre perenes e que sao suscetíveis às condições do meio. Em tempos de pandemia, quantas vezes você já não se sentiu estressado ou com mais raiva nas últimas semanas? Imagine se você dependesse que pessoas que não lhe conhecem guardassem restos de comida para você?
É irresistível enxergar O Poço como uma alegoria da nossa sociedade, mas a história de Urrutia está mais para uma fábula sombria e sem moral no fim. Recorrendo até a cenas escatologicas, a jornada de Goreng, o escaramujo, mostra como podemos nos desumanizar para sobreviver ou morrer como humanos.
O que é melhor? Não importa muito enquanto houver quem passe fome ou sofra. Chegue aos últimos andares de O Poço menos preocupado em enxergar críticas ao sistema e mais preocupado em analisar os problemas de cada indivíduo. É o que vale.
Nota: 9