Para o Desafio Literário Popoca 2022 de março, com o tema escritora de fantasia ou ficção científica, resolvi tirar da estante uma indicação antiga, Patricia Briggs. A autora estado-unidense ficou famosa com sua série Mercy Thompson, e vai lançar agora em agosto de 2022 seu livro nº 13! Mas eu não tinha lido nada dela ainda, por motivos de saber que era uma série longa, e eu não tinha conseguido comprar o livro nº 2, e, conhecendo o estilo literário, gostar do primeiro sem ter o segundo seria um problema. Que foi resolvido ainda em março, quando consegui o volume faltante numa promoção.
SPOILER FREE
E assim peguei para ler O Apelo da Lua, como ficou a tradução pela editora portuguesa Saída de Emergência, que já publicou os 6 primeiros volumes de Mercy Thompson em português na terrinha. Não sei como ficou a tradução, mas, é a mesma editora portuguesa da Charlaine Harris, então imagino que façam um bom trabalho.
A série traz como protagonista Mercy Thompson, uma walker, que é um mito nativo dos EUA, onde uma espécie de bruxa seria capaz de se transformar ou disfarçar de animais (ver skin-walker). No caso do livro, Mercy é filha de um indígena, e é capaz de se transformar em coiote. Sua mãe, que não chegou a conhecer bem o seu pai, morto durante a gravidez num acidente, quando vê um filhote de coiote no berço da filha vai atrás da família do cara, e Mercy acaba sendo criada numa matilha de lobisomens.
Se você não achou nada de muito original até agora, some o fato de que Mercy, ou Mercedes, se formou em história na universidade, e na impossibilidade de conseguir um emprego no seu ramo, virou mecânica de carros da Volkswagen (sim, é uma piada proposital), tendo aprendido o ofício com um gremlin. O mundo onde se passa a história ainda é povoado de vampiros, bruxas e outros seres mágicos.
O livro tem um jeito que lembra o estilo da Charlaine Harris na série Sookie Stackhouse, que deu origem a True Blood, mas o mundo de Patricia Briggs me parece mais complexo e interessante, pra ser sincera. Fora que todo o romance não é o tema central do enredo, o que dá um certo alívio, e mais espaço para ação e adrenalina. Mas, não se engane, tem romance, tem triângulo amoroso, afinal ainda é uma fantasia urbana que tem lá seu público específico.
Tem umas questões estranhas nos relacionamentos também, mas, justiça seja feita, a autora deixa claro que são coisas estranhas e não romantiza. Ponto pra ela. No quesito problemas femininos do livro, o que acho mais complicado é a ausência de amigas mulheres da Mercy, mas, tudo bem, ela tem amigos homens que são só amigos mesmo, e não é como se o livro não tivesse outras personagens femininas ou que a Mercy só falasse com mulheres sobre seus interesses românticos. Meio ponto, podia ser melhor.
Agora no quesito ação e aventura, acho que é aí que está o trunfo da Patricia Briggs. A ação e o mistério do enredo, que envolve uma conspiração contra as matilhas de lobisomens que nossa protagonista conhece, é de tirar o chapéu. Me deixou ligada na leitura até o fim, e nem respirei e já comecei o livro seguinte, como eu sabia que corria o risco.
É um bom livro de abertura de série, tem toda uma ambientação no início, explicando como algumas coisas funcionam e em que ponto o mundo se encontra (os seres mágicos são parcialmente conhecidos dos humanos porque é difícil de se esconder com a tecnologia e ciência atuais), mas sem perder o fio da meada. Quando você vê já está envolvido no enredo. Confesso que fazia tempo que eu não pegava um livro que me deixasse tão viciada.
Estou animada para os volumes seguintes.
Nota 9
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