O cineasta Jordan Peele tem marcado seu lugar nos cinemas por fazer filmes de terror muito diferentes dos que estamos acostumados. Além de histórias originais e uma direção acima do nível do gênero, aposta sempre em protagonistas negros, contrariando uma dinâmica perversa de anos da indústria. Nós é outro acerto do produtor.
Adelaide (Lupita Nyong’o) e Gabe (Winston Duke) levam a família para passar um fim de semana na praia e descansar. Eles começam a aproveitar o ensolarado local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna refém de seres com aparências iguais às suas.
Nós é um filme assumidamente de terror. Desde o primeiro minuto assustar o espectador é sua prioridade e isso conduz as escolhas na atuação até na belíssima trilha sonora, com direito a um coro de religiosidade ambígua, bem semelhante ao do clássico A Profecia. Porém, isso não significa que o filme recorra ao susto pelo susto. Nós é mais.
Como todo bom filme do gênero, Nós recorre ao humor e a ironia diversas vezes assim como contrasta as diferenças entre uma família negra de classe média e uma família branca de classe média. “Isso é coisa de branco”, diz Gabe ao comentar sobre esconder as chaves da casa do lado de fora. E não é mesmo?
Até o último minuto Nós assusta e deixa o espectador grudado na cadeira. Um trilher que assusta, diverte e serve de debates por muito, muito tempo.
Nota: 10