A Caixa Cultural Rio de Janeiro recebe, a partir de terça-feira (9/10), a mostra Poéticas do Fantástico, que exibirá 14 longas-metragens até o dia 21 de outubro. O projeto inédito reúne uma série de filmes que foram inspirados em obras clássicas da literatura fantástica, como o conto A queda da casa de Usher, de Edgard Allan Poe, e o célebre O processo, de Franz Kafka.
Primando pela diversidade de épocas, nacionalidades e estéticas, a mostra busca ampliar os próprios limites do gênero e evidenciar as suas múltiplas possibilidades de reinvenção na história. A curadoria é do jornalista, professor e pesquisador Nuno Manna, que vem investigando o universo do fantástico desde seu mestrado.
Histórias fantásticas, de modo geral, são aquelas que narram nosso mundo ordinário invadido pelo sobrenatural ou pelo absurdo. E a modernidade é rica de histórias como essas. Elas são evidências de tensões, medos e paradoxos que ultrapassam nossos imperativos de ordem, razão e progresso.
O público poderá conferir também sessões dos seguintes filmes: A maldição do demônio, (Itália, 1960); A queda da casa de Usher (França, 1928); Guerra dos mundos (EUA, 1953); Nos domínios do terror (EUA, 1963); O médico e o monstro (EUA, 1931); O processo (França/Itália/Alemanha, 1992); Os inocentes (Inglaterra, 1961); Solaris (URSS, 1972); Desafio do além (EUA/Inglaterra, 1963); Dona flor e seus dois maridos (Brasil, 1976); e Drácula – o vampiro da noite (Inglaterra, 1958).
O mais antigo
Entre as produções, algumas se destacam pela raridade de exibição e pela contribuição que trazem para o cinema. O Estudante de Praga (Alemanha, 1913) é o longa mais antigo da mostra: trata-se de um filme pioneiro nas experiências com a expressão sobrenatural no cinema. Outro destaque é o polonês O manuscrito de saragoça (1965), filme raro nos circuitos nacionais de exibição e adaptado de uma obra fundadora da literatura fantástica europeia.
O longa Mentiras Piedosas (Argentina, 2008) também se destaca como o filme mais recente da mostra e o que mais foge das formas de representação tradicionais do sobrenatural, algo que ele realiza ao se inspirar em uma série de contos de Julio Cortázar, um dos maiores nomes da dita literatura neofantástica.
Além das 14 obras a serem exibidas ao longo das duas semanas, a mostra oferece ao público uma série de atividades de formação: sessões comentadas por críticos de cinema, mesa-redonda, conferência e oficina literária. Na mesa-redonda “O sobrenatural: do literário ao cinematográfico”, o escritor Braulio Tavares e a cineasta Juliana Rojas discutirão sobre as possibilidades de criação do fantástico na literatura e no cinema. Braulio também falará com o público na conferência “Literatura fantástica brasileira”, onde fará um panorama histórico sobre as expressões literárias desse gênero no Brasil.
Oficinas
A atividade de destaque é a oficina “Narrar o fantástico”, ministrada pelo curador Nuno Manna, que convida o público a praticar a composição de narrativas fantásticas por meio da escrita. A oficina terá 20 vagas e os interessados em participar devem se inscrever até o dia 10 de outubro por meio do e-mail mostrafantastico@gmail.com. Os interessados devem informar o nome completo, idade e minicurrículo. Os participantes selecionados serão conhecidos no dia 11 de outubro.
“Todas as atividades buscam promover com o público investimentos críticos sobre o fantástico, de maneira a ressaltar as diferentes maneiras como ele pode se tornar uma operação de reflexão sobre o mundo”, esclarece Manna.
Haverá ainda o lançamento do catálogo da Mostra, com a programação completa e ensaios inéditos sobre os filmes em cartaz.