Meu Tio José deveria receber mais atenção da imprensa brasileira. Afinal, o filme que fala do assassinato de um ex-exilado político nos primeiros dias do retorno ao Brasil tem tudo a ver com o momento de autoritarismo que enfrentamos. Porém, a produção nordestina se torna ainda mais relevante quando lembramos que concorre a premiação do Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy, o principal do mundo e que vai até o dia 19 de junho.
++ Popocast #10 – Como é a animação no Brasil?
Dirigido por Ducca Rios, a produção conta a história de seu tio, José Sebastião. Perdoado pela anistia geral em 1979, ele participou do sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, foi assassinado de formas misteriosas em um caso jamais resolvido. Confira o trailer:
Em entrevista à Veja, Rios falou da sua produção. O diretor falou do momento atual da cultura e animação nacional, com o que significa o seu próprio filme. “É uma coisa rara para qualquer país porque é o principal festival de animação do mundo. Neste ano, foram 98 países concorrendo e mais de 2.000 filmes no total. Houve uma evolução na animação nacional em função das políticas de fomento à cultura, iniciada no governo Lula, na gestão do Gilberto Gil. Isso fez com que o audiovisual no geral, incluindo as animações, tomasse um novo rumo. De lá para cá, temos chegado aos festivais com cerca frequência: teve História de Amor e Fúria, O Menino e o Mundo, Tito e os Pássaros e agora com Meu Tio José e Bob Cuspe, do Cesar Cabral. Infelizmente, nós corremos o risco de perder essas iniciativas tão bem-sucedidas. O que é uma pena porque se continuássemos nesse ritmo, o Brasil se destacaria de uma forma muito especial no mercado de animação”, opinou.
O que você acha? Se quiser saber mais sobre a nossa opinião sobre a animação nacional, confira o nosso podcast sobre o tema.