Os Anéis do Poder tem sofrido uma enxurrada de ataques de avaliações negativas e em redes sociais por causa de… Diversidade! A situação fica mais curiosa se concordarmos que, na verdade, a série não é lá um grande exemplo de inclusão sexual e étnica embora tenha incomodado fãs que arranjam muitas explicações para justificar racismo. Mas será que uma série com tanta gente branca pode ser chamada de diversa?
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Entre outros argumentos, alguns “críticos” reclamam que como o universo étnico de JRR Tolkien é baseado na cultura nórdica não poderia haver elfos ou anões negros. Na verdade, se a preocupação for com verossimilhança não poderia haver elfos, mas é curioso que as mesmas pessoas não reclamem, por exemplo, da cor negra dos Nazgul ou Orcs.
De qualquer forma, as críticas não fazem lá muito sentido. Em um primeiro momento, se reclama do protagonismo de Galadriel como feminismo, mas a personagem de Morfydd Clark já era protagonista em O Silmarillion e histórias de Contos Inacabados. Fica a impressão de vários celibatários involuntários que gostariam de mais um herói branco e masculino embora a série já tenha Elrond e Isildur.
Se isso já não bastasse para encerrar o assunto, Os Anéis do Poder tem somente dois atores pretos em papéis recorrentes: Sophia Novemvete como a rainha dos anões Disa e Ismael Cruz Córdova como o elfo Erondir. Além de Nazanin Boniadi, atriz de ascendência árabe, como Bronwyn. Os dois últimos sequer são canônicos, reservando personagens como Gil-Galad e Celebrimbor para a etnia caucasiana. Humm…
Não é absurdo pressupor que, muito provavelmente, estes mesmos vão perder espaço na história ou terão importância reduzidíssima na trama. Aliás Erondir e Bronwin são amantes, possivelmente estando no mesmo núcleo da história sem interagir com outros. São personagens que levantam até a hipótese de Tokenismo (que não tem nada a ver com Tolkien).
No geral, Os Anéis do Poder é um série com pouquíssima diversidade (ou lacração, como racistas gostam de rotular qualquer assunto que discordem) e que mantém o mesmo tipo físico de sempre: pessoas brancas, heterossexuais e com traços europeus. Fica a expectativa que a produção possa evoluir no assunto como, por exemplo, House of The Dragon tem feito com os atores da Casa Velaryon, personagens canônicos, escalados como pessos de etnia africana.
Afinal, se você aceita um mundo em que existam dragões e hobbits, pode aceitar elfos negros e de outras etnias também. E todos podemos amar obras da década de 1930, e entender que as adaptações são de 2022.