Quem vive no Brasil certamente conhece Lampião e Maria Bonita, nem que seja só de nome. Amados por uns e temidos por outros, o casal líder de um grupo de cangaceiros fez e continua fazendo história ao inspirar diversas obras do audiovisual. Mas a grande maioria delas se restringe a uma visão masculina desse universo majoritariamente masculino. Eis que a minissérie Maria e o Cangaço, que estreou em 4 de abril no Disney+, veio mudar isso.
Baseada no livro Maria Bonita: Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço de Adriana Negreiros, a produção traz uma perspectiva mais feminina e humana. Sem maniqueísmos. Focada em Maria Bonita (Isis Valverde), a minissérie mostra uma mulher que não se resignava a submissão. Saiu de um casamento arranjado e abusivo para viver com Lampião (Júlio Andrade), o homem que amava. E com quem liderou lado a lado o grupo de cangaceiros.

Verdade que há muita romantização. Não se mostra muito da violência que praticavam. Apesar de evidenciar a tolerância zero ao adultério entre as mulheres do grupo, não menciona que muitas delas foram sequestradas e estupradas antes de se casarem com os cangaceiros. Maria Bonita foi exceção, não regra.
Porém, Maria e o Cangaço acerta ao evitar um tom didático. A minissérie prioriza mostrar como viviam e como era ser mulher em um domínio dos homens. Apesar de alguns flashbacks de Maria Bonita, a intenção não é mostrar origens. Este é um dever para os livros. Aqui você vê quem eram essas pessoas através das interpretações de um grande elenco, com bela cenografia e as deslumbrantes paisagens do sertão.
Maria e o Cangaço foi criada por Sérgio Machado, que também roteirizou ao lado de Armando Praça, Letícia Simões e Sandra Delgado e colaboração de Juliana Antunes, e dirigiu com Thalita Rubio e Adrian Tejido. O elenco também conta com nomes como Rômulo Braga, Jorge Paz, Mohana Uchôa, Laila Garin e Geyson Luiz. Todos os seis episódios já estão disponíveis no Disney+.
Nota: 7,5
Confira o trailer: