Mank é um filme-esfinge que quer ser um filme-documento. Embora a cada cena diga um decifra-me ou devoro-te, o objetivo do diretor David Fincher, indicado ao Oscar de melhor direção, certamente é criar uma versão a história de Cidadão Kane, eternamente relacionado apenas a genialidade de Orson Welles.
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O enredo conta os bastidores de Cidadão Kane, para muitos o melhor filme de todos os tempos. De um lado, o roteirista Herman J. Mankiewicz (interpretado por Gary Oldman), que vinha em declínio em sua carreira quando é contratado por Orson Welles, então criador de Guerra de Mundos e em uma ascensão fulminante numa Hollywood cheia de pressões e problemas. É óbvio que só fará sentido assistir Mank se você tiver algum grau de afinidade com o filme os anos 40 e com a história dos Estados Unidos e do cinema.
Mank tenta abraçar todo este universo em torno de uma verdade: Mankiewicz teria sido injustiçado pela cobertura e história do cinema ao ser esquecido e ofuscado como fundamental para o sucesso do filme. Verdade seja dita, roteirista e diretor jamais desfrutaram do mesmo sucesso novamente. Um morreu alguns anos depois sem escrever mais nada e Welles viveu a vida com o respeito e peso de Cidadão Kane em seus ombros. Talvez o mais verossímil seja como o filme não tenta tornar Welles exatamente um vilão, mas deixa claro como seu personagem não gozava de popularidade em Hollywood. Até por isso, Mank aparece como o grande favorito do Oscars 2021. Afinal, sua premiação é a chance de dar um último tapa de luva de pelica no diretor, homenagear a história do cinema norte-americano e ainda premiar um artista incontestável.
A direção de Fincher é dessemelhante de outros trabalhos. O diretor tenta homenagear os filmes dos anos 40 fazendo um filme com cara de anos 40, mas infelizmente soa mais ultrapassado do que clássico. E pode ser cansativo para quem só quer se entreter. A charada de Mank talvez seja que o assunto é sério demais para ser resolvido em um único filme.
Nota: 7
Confira o trailer:
