Mais que uma versão, ‘Um Espião Infiltrado’ é uma ótima comédia

Nova série diverte, emociona e dá um “xô pra lá” no etarismo

O Oscar 2021 teve como único indicado da América Latina o documentário chileno Agente Duplo (El Agente Topo), de Maite Alberdi. O filme, com certa comicidade e empatia, traz uma denúncia social. Eis que os showrunners Morgan Sackett e Michael Schur resolveram adaptá-lo em uma série de comédia chamada Um Espião Infiltrado (A Man on the Inside), que estreou na Netflix em 21 de novembro.

Charles (Ted Danson) é um professor de engenharia aposentado que vive uma vida solitária e monótona desde que ficou viúvo, há um ano. Quando sua filha Emily (Mary Elizabeth Ellis) sugere que procure um hobby, algo que o incentive a sair de casa, ele responde ao anúncio de jornal de Julie (Lilah Richcreek Estrada). Ela é uma detetive particular contratada para investigar o sumiço de um colar em um residencial de idosos, e Charles será seu infiltrado.

Costumo ter um pé atrás com remakes e versões americanas, já que costumam enfeitar desnecessariamente as coisas. Mas Um Espião Infiltrado se mostrou uma excelente comédia, mesclando sabiamente acidez com sensibilidade. Com o benefício de trazer aquela mesma mensagem de abandono social para um público maior.

Um Espião Infiltrado estreou na Netflix em 21 de novembro com Ted Danson (Becker)
Um Espião Infiltrado estreou na Netflix em 21 de novembro com Ted Danson (Becker)

É verdade que a realidade dos residenciais para idosos americanos é muito diferente da nossa, mais semelhante aquela mostrada no documentário chileno. Porém, isso não muda o abandono emocional de filhos para com seus pais, que acham que uma visita “quando sobra um tempo” é o bastante.

Além de termos o ótimo Ted Danson, que entrega com maestria a evolução de Charles, temos um ótimo elenco e personagens. Como Stephanie Beatriz como a diretora do residencial Didi, Sally Struthers como a vivaz Virginia, Stephen McKinley Henderson como o carismático Calbert, John Getz como o encrenqueiro Elliot, Margaret Avery como a entusiasta em poesia Florence, entre outros.

Outro aspecto interessante de Um Espião Infiltrado é explorar do etarismo na TV. Em entrevista à CNN o criador Michael Schur falou sobre a maioria dos produtos terem anúncios que enaltecem a juventude, sendo que envelhecer é a melhor alternativa. E que a principal razão para escrever a série foi mostrar que pessoas idosas continuam vivas, prosperando e sendo interessantes. “Eu só queria escrever sobre isso. Senti que era um público negligenciado, honestamente”, concluiu.

Um Espião Infiltrado é uma série rápida de assistir, mas que te deixa pensando por muito tempo. Ainda não há sinal de renovação, mas foram deixados ganchos para continuidade. Todos os 8 episódios da 1ª temporada já estão disponíveis na Netflix.

Nota: 8,5

Confira o trailer:

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