Depois de um primeiro livro surpreendentemente fofo e interessante, um segundo livro que deixa bastante a desejar, a autora Charlie N. Holmberg termina sua trilogia The Paper Magician com Magia Suprema, como ficou o nome traduzido pela editora Passaporte no Brasil.
SPOILER FREE
Apesar dos direitos comprados pela Disney, uma busca rápida mostra que o terceiro volume da série fez muito pouco sucesso, nem nas livrarias é muito fácil de encontrar, o que não é um bom sinal. O final da saga de Ceony se passa no final da sua aprendizagem com Thane, e ela está pronta para fazer seu teste final para ganhar o título de Maga de Papel.
O que ela esconde do seu mentor, é que ela tem realizado experiências com o que ela aprendeu no final do segundo livro, o que deixa a situação mais complicada quando Thane decide que Ceony vai fazer seu teste com outro Mago de Papel, para que ninguém possa questionar as suas habilidades. Isso porque o relacionamento dos dois já está um tanto quanto público. E é aí que tudo começa a desandar no enredo de Magia Suprema. Além do clichê chatérrimo do relacionamento entre professor e aluna, que particularmente eu já não curto, não sei o que deu na cabeça da autora, mas Ceony está absolutamente insuportável. A forma como ela trata o outro Mago que vai aplicar o teste é de um desrespeito profundo para uma história que se passa no final do século XIX início do século XX, e, sinceramente, é muito gratuito. O outro cara tem problemas, mas nada que acontece justifica o que Ceony faz. Beira o absurdo.
Para piorar a situação, o único sobrevivente da gangue da vilã do primeiro livro foge da prisão, e mesmo sabendo que o cara não está atrás dela, nem da sua família, Ceony resolve que ela precisa saber onde ele está e que ela é a única que vai conseguir prendê-lo. Oi? Chamando da terra para Charlie e seus editores, não tinha uma desculpa melhor não, além de pura teimosia, pra fazer esse enredo andar?
Fazia muito tempo que eu não sentia tanto ódio de uma personagem principal, e nem é um ódio interessante, é porque ela é simplesmente estúpida e não faz sentido interno. Ceony era para ser inteligente, a frente do seu tempo, e um tanto quanto durona. Ou pelo menos é isso que os primeiros livros vendem dela. Mas aqui ela é só ignorante, arrogante ao extremo e ao mesmo tempo de uma inocência que não combina com ela. Em outras palavras, falta coerência à personagem.
Não sou daquelas leitoras que precisam amar as personagens para gostar de um livro, mas um pouco de sentido é necessário para tornar a história crível e interessante. Passar o livro inteiro querendo revirar os olhos não é uma sensação legal. Dá só vontade de pular página pra acabar logo a tortura.
Enfim, uma grande pena, porque o mundo criado por Charlie N. Holmberg tem muito potencial. Estou começando a entender porque a Disney ainda não tem um projeto fechado, pois precisa de muito ajuste pra aproveitar essa história até o final. Algo como reescrever o terceiro livro inteiro, isso se quiser ir até o final, pode ajustar o segundo livro e terminar ali. Ou só aproveitar o mundo criado e fazer histórias do zero. De qualquer forma, acho que é mais trabalho que estavam imaginando quando saiu o primeiro volume.
Nota 4