Lucifer: A última etapa antes do fim

E a guerra entre os anjos não foi o Fim dos Tempos, afinal.

No dia 28 de março chegou na Netflix a segunda parte da 5ª temporada de Lucifer. Os novos episódios além de mostrar os efeitos da chegada de Deus (Dennis Haysbert) na Terra, também prepararam terreno para a última temporada. E foram com alegrias, surpresas e perdas que nos deparamos nesses oito episódios.

Alerta de Spoiler: Só continue lendo se já concluiu a 5ª temporada.

++ Leia tudo o que já publicamos sobre Lucifer.

Foram longos oito meses esperando para saber o que seria daquela briga entre Lucifer (Tom Ellis), Michael (Tom Ellis) e Amenadiel (D.B. Woodside), repentinamente apartada por Deus. A conclusão não foi nada tão inesperado, já que não existem irmãos tolos o suficiente para continuar uma briga na frente do pai. Porém, o ápice dessa reunião celestial foi um daqueles jantares de família dignos de sitcom. E a pobre Linda (Rachael Harris) ao mesmo tempo que divertia com seu aparente desejo de não estar ali, também mostrou como pode ser perturbador ser a única mortal entre celestiais.

Mas se achávamos que o relacionamento de Chloe (Lauren German) e Lucifer não teria mais obstáculos… Bem, é porque gostamos de nos iludir. Por mais que nosso diabo favorito tenha evoluído desde que conheceu Chloe e se apegou a outros humanos, é óbvio que ainda tinha (e continua tendo) questões a trabalhar. Isso ficou ainda mais claro depois do episódio musical (que soou como uma mistura do episódio musical de Buffy: The Vampire Slayer com Zoey’s Extraordinary Playlist, sem perder méritos em irreverência) e da terapia familiar. Foram tantas músicas e tantas declarações de que os castigos de Deus ainda o faziam se sentir indigno, que claramente isso precisava ser resolvido antes do relacionamento com Chloe finalmente deslanchar.

Lucifer (Tom Ellis) e Deus (Dennis Haysbert) em um dueto de “I Dreamed a Dream”, de Os Miseráveis

E não é que essa vinda de Deus fez bem para a série? Se a intenção era brincar com a ideia de que “o homem foi feito a Sua imagem e semelhança”, nada mais certo que mostrá-Lo como um pai imperfeito. Alguém que se dedica tanto ao trabalho que acaba negligenciando a atenção aos filhos. E abordar essa reconciliação foi maravilhoso! O que dizer de Lucifer endiabrado (perdoem o trocadilho) ao ver o Pai vulnerável sendo ameaçado? Aquele foi o momento em que percebeu que ainda se importava com Ele, e o entendimento começava a parecer possível. E Deus também ajudou Amenadiel a ver que o fato de Charlie não ser um anjo não é nenhuma desgraça.

Além das questões familiares, Deus também revelou à Maze (Lesley-Ann Brandt) que ela estava criando uma alma. Lembrando que já tínhamos cantado essa pedra aqui no POPOCA, levantando a hipótese de que as traições da personagem seriam reflexos de uma alma. Porém, foi um tanto triste ver Maze questionando a utilidade de ter uma alma quando achou que tinha perdido Eva (Inbar Lavi) outra vez. Mas esse também é um sentimento bastante humano. Deus também ajudou Ella (Aimee Garcia) a entender a escuridão dentro de si, e que sua luz é ainda mais brilhante. Também teve momentos de tensão hilários com Dan (Kevin Alejandro).

Sobre Dan, se teve um plot surpreendente nessa fase certamente foi a morte do personagem. Ainda mais por acontecer tão próxima de um episódio centrado nele. Não foi exatamente um episódio magnífico, mas teve seus pontos. Mas mais triste que a morte de Dan por si mesma foi o momento em que Trixie (Scarlett Estevez) soube. Uma cena de atuações impecáveis. E depois do choque, a surpresa: foi Michael quem mandou matá-lo. Porém, mesmo servindo como uma motivação real para Lucifer lutar pelo posto de Deus, ainda parece que a morte foi sem sentido. Mas ninguém realmente morre nessa série, e Kevin Alejandro já confirmou sua participação na 6ª temporada. Embora sem dizer como.

Chloe, Lucifer e Amenadiel enfrentando Michael e a horda de anjos

Enfim, o que realmente movimentou essa fase foi a disputa para ver quem seria o novo Deus. Depois de vários casos mornos e alguns plots mais ou menos, parece que Lucifer finalmente reencontrou seu caminho como série. Acabou que mesmo descobrindo que seus poderes não estavam falhando e que tudo não passava de uma armação de Micheal, Deus decidiu se aposentar de fato. Foi passar a eternidade com a Esposa no universo Dela, o que além de um lindo momento também serviu para matarmos a saudade de Tricia Helfer. E com Amenadiel abrindo mão do posto, a disputa ficou entre Lucifer e Michael.

Confesso que com tantos preparativos esperava um pouco mais dessa batalha. Tudo bem que a ação e o humor empregados foram capazes de prender a atenção do espectador a cada segundo, mas uma reviravolta realmente surpreendente seria bem-vinda. Pois mesmo que a morte de Chloe tenha sido um choque e emocionante, sabíamos que ela não ficaria morta. E o momento em que Lucifer decide ir ao Paraíso buscar a alma dela, mesmo sabendo que poderia não voltar, me lembrou da animação Hércules. Quando o herói vai ao submundo buscar a alma de sua amada Meg. O que chega a ser um pouco engraçado, já que em comparações feitas entre as mitologias grega e judaico-cristã, Lúcifer é mais relacionado a Hades do que a Hércules. Mas o mais importante é que com esse sacrifício ele se mostrou digno de ser sucessor do Pai.

O que será do mundo agora que Lucifer é Deus é algo que só saberemos na 6ª e última temporada. Os dez episódios tiveram suas gravações concluídas em março. E embora o IMDb mostre o ano de 2021 para a estreia da 6ª temporada, é mais provável que ocorra em 2022. Das poucas coisas que sabemos se destacam a inserção de duas atrizes ao elenco regular: Merrin Dungey será Sonya, parceira de Amenadiel na polícia, e Brianna Hildebrand será o anjo Rory, que quer seguir os passos de Lucifer. Além da presença de Scott Porter, que vimos no funeral de Dan como um possível romance para Ella. Por fim, a temporada abordará o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). Que provavelmente estará ligado a entrada de Amenadiel na polícia.

Para mais informações, fique de olho no POPOCA.

Nota: 8,5

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