O Filho mais Velho de Deus e/ou o Livro IV é o novo lançamento de Lourenço Mutarelli e o motivo pelo qual a Folha fez esta entrevista com ele. Autor de sucesso, você espera tudo de um artista que caminha pelos quadrinhos e pela literatura com a sua legitimidade e desenvoltura. Por isso, embora o assunto mais importante seja o seu livro, não deu para não reparar neste trecho da conversa:
Estou absolutamente falido. Vivo de aulas que dou no Sesc, o que não paga todas as contas. O que eu ganho com livro é ridículo. Recebo 10% do preço de capa, e ainda pago 27% de imposto de renda. Não tenho dinheiro para chegar até o final do ano. Vai ter uma exposição no Sesc, em novembro, com algumas coisas minhas, estou terminando umas pinturas, sem escrever neste momento. Quando começo a pintar, paro de escrever. Estou com 54 anos e tudo só piora, a cada ano está mais difícil. E acho que nem posso reclamar, estou numa grande editora, publico. Sou um dos que deram certo, mas dar certo com livro no Brasil é apenas isso. É muito triste.
O que podemos fazer?
É triste mesmo. Mutarelli já teve O Cheiro do Ralo adaptado para os cinemas e é um autor bem reconhecido nos quadrinhos e na literatura. Afinal, faz a gente pensar: o quanto apoiamos os artistas que estão próximos de nós? Não falo de filantropia, mas de comprar os produtos de autores que realmente gostamos, que nos identificamos e vivem por aqui. Enfim, todo mundo deveria ter um para chamar de seu.
Ou ninguém terá nenhum por aqui ou ali.
O Filho mais Velho de Deus e/ou o Livro IV está a venda e é uma chance de você dar chance a um grande autor, que, por acaso, é brasileiro e vive na nossa época. No mais, tomara que o Mutarelli lance um catarse da vida.
Eu apoiaria. E você?