Toy Story foi um grande marco para o cinema e para várias pessoas por inúmeros motivos, tantos que nem cabem listar aqui. Além de ter crescido assistindo a animação e suas sequências, alguns motivos pessoais me levam a ter um carinho especial por ela. Então desde os primeiros anúncios de Lightyear, que chegou aos cinemas brasileiros em 16 de junho e ao Disney+ nesse 3 de agosto, sentimentos conflitantes me dominaram. Se de um lado estava a curiosidade sobre uma nova perspectiva de um personagem tão querido, de outro estava o receio de que Disney e Pixar fizessem um filme meia-boca só pra faturar em cima dos fãs. E depois de assistir, o conflito interno continua.
O problema todo começa quando Lightyear vem com a proposta de ser “o filme favorito de Andy e que o fez ficar tão feliz por ganhar um boneco do Buzz Lightyear”. Sendo que lá em 2000 saiu o filme Buzz Lightyear do Comando Estelar – A Aventura Começa (que inicialmente possuía o prefixo Toy Story 3), que além de servir de piloto para uma série animada tinha a mesma proposta de ser a origem do famoso boneco de astronauta. Tanto que a introdução do dito filme mostra Woody e os demais brinquedos ansiosos para assistirem a um VHS do filme. Parece até que o pessoal da produção anda com problemas de memória ou acha que o mundo inteiro tem.
Esse “deslize” poderia ser perdoado se o novo longa fosse realmente extraordinário, como a sinopse e material de divulgação levaram a crer que seria. Poxa, teríamos uma aventura intergaláctica, o primeiro beijo gay em um longa de animação familiar e todas aquelas mensagens emocionantes que só a Pixar parece conseguir passar. Era para ser um arraso! Mas algo parece não ter colado.
O pior é a sensação de que se não fosse vendido como “um filme do Buzz”, talvez eu tivesse conseguido curtir bem mais. Afinal, o enredo é ótimo. Ver um personagem que perde toda uma vida com seus amigos querendo salvá-los, por querer fazer tudo sozinho, é quase filosófico. Nos faz pensar em como às vezes pensamos fazer algo pelos outros mas estamos fazendo por nós, mostrando quão tênue pode ser a linha entre altruísmo e egoísmo. Só que enquanto parte de mim ficava encantada com a trama e o visual do filme, outra parte não conseguia tirar da cabeça o Buzz e os outros brinquedos de Toy Story. Ainda mais que o Buzz desse filme precisava ter trejeitos que remetessem ao outro. E levando em conta a baixa aprovação, parece que mais pessoas sentiram o mesmo. É como se o feitiço da indústria da nostalgia tivesse virado contra o feiticeiro.
Pode-se até apontar a falta de timing como problema. Quase como foi com o filme solo da Viúva Negra, só que pior. Pois 27 anos se passaram desde o lançamento de Toy Story, um pouco de tempo demais para que os fãs consigam assimilar outra imagem de Buzz Lightyear que não seja a de um boneco falante. Como se já não fosse suficiente pode ser que tenhamos uma sequência, já que a cena pós-crédito deixa um plot em aberto.
Lightyear tem roteiro de Jason Headley e Angus MacLane, sendo que MacLane também é responsável pela direção. Entre as vozes estão Chris Evans (Buzz), Keke Palmer (Izzy), Peter Sohn (SOX), Taika Waiti (Mo), Uzo Aduba (Alisha) e James Brolin (Zurg). A trilha sonora é de Michael Giacchino.
Nota: 8
Confira o trailer: