Laços de Família: o banal em busca de aceitação

Parte dos textos do Desafio Literário de Março, livro de Clarice Lispector é um dos mais importantes da literatura brasileira

Publicado em 1960, Laços de Família é um dos livros mais emblemáticos de Clarice Lispector em que a autora une personagens não por traços familiares simplesmente, mas pela necessidade de buscarem conforto para combater sua própria banalidade. Uma das autoras mais líricas do mundo, Clarice contava como seus personagens lidavam com o fato de serem absurdamente comuns, mas nem por isso menos trágicos.

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Curiosamente, o título do livro acabou sendo usado em uma novela de Manoel Carlos sem nenhuma relação. Mais de 60 anos depois de seu lançamento, Laços de Família segue como um exemplo vigoroso do domínio da escritora sobre todos os protocolos da criação e do enredo. Mais do que contar histórias Clarice conta a própria língua portuguesa usando a vírgula como pausas para reflexão e os pontos finais como um “to be continued” de qualquer seriado norte-americano que não chega ao fim. “Viver escapa do próprio entendimento”, diria a autora.

Laços de Família

Exemplo da terceira geração do que a literatura brasileira conhece como Modernismo Brasileiro (ou neomodernismo), Laços de Família tem uma dificuldade enorme de ser rotulado. Ainda que seja uma antologia de contos, a unidade de seus textos é mais clara do que muitos romances. Dos treze contos, doze são narrados em terceira pessoa, mas cabe a “O Jantar” a exceção. Narrado em primeira pessoa, o conto reflete sobre a raiva que permeia relações. E, como todos os demais, também fala sobre família. Um livro imperdível.

Nota: 10

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