Você lembra do símbolo do Justiceiro? Sim, aquela maravilhosa caveira estilizada que nos anos 80 e 90 terminava no cinto, como na imagem ao lado. Esta semana Gerry Conway, criador do Justiceiro ao lado de John Romita e Ross Andru há mais de 40 anos, afirmou publicamente que não é a favor de policiais e militares utilizando a caveira.
O Omelete explicou o porquê nas palavras do mito dos quadrinhos, que conversou com o Sy Fy Wire e falou com todas as letras que Frank Castle, mesmo que movido pelas melhores das intenções, não passa de um criminoso, ainda que lute contra o crime. Confira:
Para mim, é perturbador quando vejo figuras de autoridade se apropriando das imagens do Justiceiro, porque o personagem representa o fracasso do sistema de justiça. Ele é feito para indicar o colapso moral da autoridade social e que a realidade de algumas pessoas não pode depender da atuação de instituições como a polícia e os militares de forma justa e capaz.
O anti-herói vigiliante é, fundamentalmente, uma crítica ao sistema judicial, um exemplo de fracasso da sociedade. Então quando policiais colocam as caveiras do Justiceiro em seus carros, ou militares usam patches com isso, eles estão basicamente se aliando com um inimigo do sistema e aceitando a mentalidade de um fora-da-lei. Não importa se você acredita que o Justiceiro tem motivos ou não, ou se você admira seu código ético, ele é um fora-da-lei e um criminoso. A polícia não deveria usar o simbolo de um criminoso.
O personagem, que está em mais uma temporada no Netflix a partir do dia 18, é um bom exemplo do tipo de defesa que vemos. Embora filmes como Tropa de Elite, sejam usados para glorificar figuras justiceiras, na prática funcionam mais como milicianos, que atormentam as mesmas comunidades que dizem proteger.
Quantas balas perdidas o Justiceiro já atirou em inocentes? Quantos cidadãos se sentem seguros com ele no universo Marvel? Será que é realmente esse o herói que queremos que nossas autoridades de segurança se inspirem?
