Nesse 22 de novembro estreou na Netflix a animação musical Enfeitiçados (Spellbound), uma coprodução com a Skydance Animation. De procedência hispano-americana, o longa traz grande elenco e memoráveis nomes da animação. Como a diretora Vicky Jenson (Shrek), o produtor John Lasseter (Toy Story), e os compositores Alan Menken (A Pequena Sereia) e Glenn Slater (Enrolados). Tem cenários lindos e um tema pertinente, mas, ainda assim, deixa a desejar.
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No reino de Lumbria, a Princesa Ellian (Rachel Zegler) enfrenta uma situação bem peculiar: Seus pais viraram monstros. Literalmente. Faz um ano desde o ocorrido, e apenas os ministros e guardas mais próximos sabem do incidente. Na intenção de reverter o feitiço, Ellian pede ajuda dos oráculos Luno (Nathan Lane) e Solaris (Tituss Burgess), que acabam por mandá-la em uma jornada em busca da cura.
Com um visual bonitinho e cores vibrantes, é apenas na reta final da trama que você percebe que Enfeitiçados é um filme sobre separação. Tema tabu em animações. Isso fez o longa ser rejeitado por distribuidoras como a Paramount e Apple TV+ antes de acabar na Netflix. Não é de estranhar que o tema seja tabu em filmes do gênero, mesmo que outros abordem temas tão difíceis quanto. Como luto e abandono. Mas convenhamos, é extremamente difícil dizer para uma criança que seus pais já podem mais viver juntos.
No entanto, Enfeitiçados encontrou uma forma bastante lúdica de tratar o assunto. Transformar os pais em monstros foi uma boa sacada, pois é o que parece quando não existe mais nada além de brigas. A equipe até trabalhou com orientação de um psicólogo e terapeuta familiar especialista em divórcio para dar veracidade a postura de Ellian. “As crianças acham que é responsabilidade delas consertar a situação. Elas não entendem que algo aconteceu com seus pais e que eles estão agindo como monstros”, disse Jenson.
E conforme a Rainha Ellsmere (Nicole Kidman) e o Rei Solon (Javier Barden) vão recuperando a humanidade que descobrimos que não foi um feitiço que os transformou, mas o fato de não despertarem mais a luz um do outro. Assim como todo filho, Ellian quer que as coisas voltem a ser como antes. Só que não existe volta em algo que já não funciona.
Porém, é preciso dizer que não é um filme perfeito. Os momentos de alívio cômico funcionam bem, mas não há nenhuma piada visual que marque. A trilha sonora tampouco tem algo para sair cantarolando por aí. E o fato de demorar a mostrar a realidade sobre o Rei e a Rainha dificulta a conexão com os personagens. Enfim, não é uma aposta para indicação ao Oscar, mas pode ajudar muitos pais a se comunicarem com os filhos.
Nota: 7
Confira o trailer: