‘Elvis’ é o filme do Rei do Rock que queríamos

Nós queríamos um filme de Elvis Presley, e tivemos.

Já faz muito tempo que os fãs de Elvis Aaron Presley (que não são poucos) esperavam por um filme sobre sua vida. A demora é até compreensível, pois com uma trajetória tão ampla e rica é difícil escolher o que e como abordar em um longa. Sem falar da dificuldade em encontrar alguém a altura de interpretar o Rei do Rock em toda sua glória hipnotizante. Até que o filme de Baz Luhrmann estrelado por Austin Butler que chegou aos cinemas brasileiros em 14 de julho de 2022, e entrou no catálogo da HBO Max em 02 de setembro, resolveu a questão.

Com oito indicações no Oscar 2023, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator, Elvis divide opiniões. O que não é nenhum espanto, é impossível agradar a todos. Ainda mais quando se trata da cinebiografia de alguém tão memorável. Pessoalmente, achei brilhante. Mas é claro que essa é apenas a opinião de alguém que nasceu muito depois da morte de Elvis Presley, e que mesmo assim é apaixonada por sua obra.

A narrativa eletrizante com montagem eclética fazem jus ao que Elvis Presley foi. Seu legado é amplo, com diversas inspirações e fases. Bem como sua vida. A escolha por abordá-lo como uma espécie de herói não é erronia, pois para toda uma geração é o que ele foi. Quando Elvis estava no palco, os jovens estavam livres dos ditames de uma sociedade conservadora e hipócrita. Não foi à toa que incomodou muita gente poderosa.

Uma das críticas mais comuns foi sobre mostrar Colonel Parker (Tom Hanks) como uma espécie de vilão, como se isso tirasse o mérito de tudo que ele fez pela carreira de Elvis. Não creio que uma coisa exclua a outra. Afinal, naquela época um empresário artístico tinha que ser meio “vilão” mesmo. Ainda mais quando seu cliente desafiava as normas sociais. E ele tinha seus próprios interesses em transformar Elvis em um sucesso, uma vez que lhe rendia muito dinheiro. Também não é a primeira vez que a relação do astro com Colonel Parker é mostrada dessa forma, e até pior. Quem assistiu a série Vinyl sabe do que estou falando.

Também criticam o filme por ter ignorado partes importantes de sua vida e carreira, e alterado a cronologia de alguns fatos. De novo, a trajetória é muito rica e é simplesmente impossível contar tudo em um longa de 2h40. Escolhas precisam ser feitas, e talvez a única forma de abordar tudo de forma decente seria em uma minissérie ou mesmo uma série de várias temporadas. Quanto as alterações cronológicas, isso é um problema de todas as cinebiografias. Liberdades poéticas se fazem necessárias em uma produção audiovisual, para o bem ou para o mal.

O que ninguém crítica, no entanto, é a performance de Butler como Elvis Presley. Nem há motivos para isso. O ator, que começou sua carreira em séries da Nickelodeon e Disney Channel, estudou e reproduziu com perfeição os trejeitos e olhares do homenageado. Conseguindo até mesmo evocar o sotaque, entonação e afinação de Elvis. O que lhe ajudou a conquistar o Globo de Ouro de Melhor Ator em Filme Dramático, mas também pode ter causado danos permanentes em suas cordas vocais. Maquiagem, cabelo e figurino ajudaram a compensar a falta de semelhança física. E mesmo que não tivessem, sua dedicação o teria feito.

Elvis tem história concebida por Baz Luhrmann e Jeremy Doner, que trabalharam nos roteiros junto com Sam Bromell e Craig Pearce. Além das duas indicações já citadas no Oscar 2023, o filme concorre para Melhor Fotografia (Mandy Walker), Melhor Edição (Matt Villa & Jonathan Redmond), Melhor Figurino (Catherine Martin), Melhor Design de Produção, Melhor Cabelo & Maquiagem e Melhor Som. É por essas outras que, mesmo quem não gostou do longa, precisa admitir que Elvis é o filme do Rei do Rock que tanto esperamos.

Nota: 10

Confira o trailer:

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