Edgar Allan Poe, poeta de uma época

Escritor é referência nos Estados Unidos

Reconhecido como um dos maiores nomes da literatura dos Estados Unidos, Edgar Allan Poe teve uma vida trágica, gozando de sucessos momentâneos em sua breve carreira como escritor.

Poe deu vastas contribuições à literatura. Foi um dos primeiros e maiores nomes da literatura psicológica e o precursor do conto policial. Foi um poeta preciso na construção de seus versos e um dos criadores do horror moderno. Poe foi, também, um exímio teórico literário e um dos maiores contistas de todos os tempos.

Juventude

Nascido em 19 de janeiro de 1809, era filho de atores mambembes. Ficou órfão antes de completar três anos e foi separado da irmã mais nova. Entregue à tutela do casal Allan, encontrou conforto e carinho em Francis, sua mãe adotiva, e dura disciplina e castigos físicos no pai, John, rico comerciante de origem escocesa.

Em 1826, quando da sua estada na Universidade da Virgínia, houve vários conflitos entre pai e filho, pois, em meio aos livros e à criação literária, o poeta se dedicou também ao álcool e ao jogo, o que lhe valeu muitas dívidas. De volta a Boston, sua cidade natal, afastado da família, se alistou no exército, de onde saiu em 1831. Francis havia morrido em 1829.

Poe queria seguir a carreira de escritor. Desde os primeiros anos de estudo, na Escócia e na Inglaterra, demonstrou grande familiaridade com os livros. O gosto pela poesia não tardou. Tinha também interesse e muita facilidade com cálculos matemáticos e especulações científicas.

O poeta e suas paixões

Outra marca que moldou o espírito de Poe foram os amores. Embora parte deles fossem apenas idealizações de juventude, alguns foram vividos de forma profunda e intensa. Desses amores nasceram personagens como Helen, Annabel, Annie, Ligéia e Lenora. Embora com nomes diferentes, elas pareciam ser sempre a mesma mulher: inacessível, frágil, cândida, perfeita, posta em uma espécie de pedestal.

Muitas dessas personagens eram a personificação de Virgínia, grande amor da vida de Edgar. Virgínia era filha de Maria Clemm, tia de Poe, que acolheu o poeta em Baltimore após sua saída do exército. Virgínia era uma jovem frágil, delicada e doente, uma perfeita musa para um poeta trágico. Poe, com 27 anos de idade, e Virgínia, com apenas 13, casaram-se em 1836. Contudo, a vida de dificuldades econômicas e a saúde frágil de Virgínia levaram-na à morte em 1847.

Essa perda parece ter influenciado em algumas das obras de Poe. Quando as mulheres que Poe criava não tinham saúde frágil, é porque já estavam mortas, como em “Annabel Lee”, poema escrito nos momentos finais da vida de Virgínia.

O escritor

Poe fez de sua obra a expressão de seus sofrimentos. Dono de um brilhante domínio técnico, sintetizando a herança de literatura ocidental e as conquistas do melhor da literatura produzida na época, mostra em sua obra a degradação do homem, o desespero, a alienação, a completa falta de perspectivas. O homem solitário na multidão é o emblema do homem na sociedade industrial, preso a uma lógica que arranca dele sua própria humanidade.

Quando se vê a queda de Usher, olha-se o ruir do homem na sociedade capitalista que, doente, tenta enterrar seus cadáveres, ao mesmo tempo que teme o retorno deles. Seu apurado ouvido, símbolo das avançadas técnicas da sociedade industrial, acaba por enlouquecê-lo. O cadáver que ressuscita é a encarnação de sua própria alma, esquálida e fraca, que Usher teme ouvir e mesmo vislumbrar.

Poe, então, coloca os sinos a tilintar uma lúgubre mensagem. Escrito em seus últimos anos de vida, Os sinos fala de um momento, apenas um momento, em que tudo para. Parece, então, que uma vida inteira, as angústias, os medos, os gemidos, um clamor insano e profundo passam sob o olhar. E, diante desse desespero de um momento, olha-se para a estrada deixada para trás.

Em seu poema mais notório, o corvo que vem ao mundo dos vivos é o elo entre duas almas separadas pela morte. Ganha a mente e o coração do ser humano. Carrega uma profunda e simples filosofia, uma única expressão, um “nunca mais” que ressoa repetidamente. Parece que tudo leva à degradação do homem, a tal ponto que sua única esperança é algo que lhe permita se ligar ao passado perdido. Esse homem é consumido pela alienação, que devora toda sua humanidade, e a morte é o único caminho a seguir.

Poe e sua época

Poe foi um dos escritores mais importantes dos últimos séculos. Ao analisar o fundo de sua própria alma, ao trazer à tona seus conflitos e sofrimentos, deu vazão à condição do homem de sua época. Essa é uma das razões para que, depois de passado tanto tempo desde sua morte em 7 de outubro de 1849, se lembre tão vivamente de Edgar Allan Poe.

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