Como tudo, inevitavelmente, chega ao fim, é dada a hora de dizer adeus a High School Musical: The Musical: The Series. Essa que foi uma das primeiras séries do Disney+ e que nasceu com o propósito de ser uma homenagem aos filmes de High School Musical, mas que conseguiu trilhar seu próprio caminho. Embora sem nunca esquecer de honrar aqueles que vieram antes.
Confesso, meu lado cético ficou com mil dúvidas quando começaram os primeiros anúncios do projeto. Coisa de fã, achava cedo demais para ver outro elenco contando aquela história que tanto amei. Mas saber que a série seguiria o estilo mockumentary, e que a trama seguiria alunos do “verdadeiro” East High fazendo uma montagem de High School Musical despertou curiosidade.
E mesmo não atingindo os mesmos níveis de fenômeno e reconhecimento dos filmes originais, é preciso reconhecer que High School Musical: The Musical: The Series tem seus méritos. Além de revelar estrelas como Olivia Rodrigo e Sofia Wylie, a série criada por Tim Federle é mais diversa e abrangente que os filmes de Peter Barsocchini. Sim, mesmo com um elenco multirracial e um enredo que falava tanto sobre ser quem você é e romper o status quo, High School Musical foi fruto de seu tempo. Quando personagens Disney não podiam ser abertamente gays. Ainda faltaram personagens PCD, quando tanto vem se falando em inclusão na arte. Mas entendo, um passo de cada vez.
Também não teve nada de deixar só padrõezinhos se destacarem. Mais do que multirracialidade, diferentes corpos são vistos no elenco principal. É só dar uma olhada nas fotos promocionais para constatar o fato. E nada de se prender a arquétipos de gênero, estética e cor, e mostrou isso com propriedade. Na 1ª temporada tivemos Seb (Joe Serafini) como escolhido para interpretar Sharpay; Na 2ª, quando o musical escolhido foi A Bela e a Fera, Ashlyn (Julia Lester) foi escalada para a protagonista; E na 3ª, Kourtney (Dara Reneé) e Gina (Wylie) interpretaram Elsa e Anna na montagem de Frozen. Respectivamente, um garoto, uma garota com obesidade e duas garotas negras em papéis que convencionalmente não lhes seriam atribuídos. E é preciso dizer, foram interpretações espetaculares.
Também é preciso dizer que High School Musical: The Musical: The Series mostrou que não é preciso um enredo pesado para desafiar padrões. Alguns podem dizer que é irreal, e talvez seja. Porém, por mais que admita e defenda a importância de histórias que mostrem as dificuldades e problemas enfrentados de forma realista, acredito também na importância de histórias onde as pessoas apenas são. Não que os conflitos devam ser ignorados, e a série não o fez. As pessoas, seus sentimentos e seus talentos apenas vieram em primeiro lugar.
Mas para encerrar o ciclo era preciso retornar às origens. A turma do East High encenaria High School Musical 3, ao mesmo tempo em que a escola seria local de gravação de High School Musical 4. – Uma pena que o filme não seja real. – Se as temporadas anteriores tiveram uma ou outra participação do elenco dos filmes, essa última bateu o recorde. Infelizmente não foram todos, mas só de ver Corbin Bleu, Monique Coleman, Lucas Grabeel e Alyson Reed juntos novamente já deu um calorzinho no coração. Um sinal de que dava para esperar uma certa quantidade de emoção.
Como de costume, foi feito bom uso das canções do musical homenageado em aliança com canções originais. – Ver o elenco cantando Now or Never na correria para os testes mexeu comigo. – Por sinal, as originais auxiliaram na demonstração de amadurecimento dos personagens. Em especial de Gina, que teve a evolução mais notável e assumiu com perfeição o posto de protagonista depois da saída de Nini (Rodrigo). Gina teve um arco de crescimento e redenção muito significativos, que fez de sua passagem para protagonista bastante simbólica para ela e para a trama.
Foi um pouco triste não ter mais Seb, Big Red (Larry Saperstein) e EJ (Matt Cornett) no elenco fixo, mas estiveram presentes em momentos chave. E tivemos a feliz adição de Jet (Adrian Lyles) e Maddox (Saylor Bell), que deixaram suas marcas na temporada passada e não poderiam simplesmente desaparecer.
O enredo dessa 4ª e última temporada de High School Musical: The Musical: The Series foi inteligente, sensível e tocante. Como de costume, não faltaram sutis doses de sarcasmo e cinismo. Sobrando até pros filmes homenageados. Não foram poucos os momentos em que ri me perguntando “como a Disney deixou passar isso?”.
Quanto a emoção… Não digo que foi a mesma proporcionada por High School Musical 3, que me deixou com olhos marejados na sala de cinema. Mas mexeu comigo. Certamente, constatar que em uma década e meia se ampliou tanto o espectro do que pode aparecer num programa familiar é animador. Ainda falta muita coisa, mas chegaremos lá. E uma trama sobre jovens amadurecendo não é boa se não tiver sua cota de emoção. Pra fechar com chave de ouro, a cena pós-créditos com o elenco cantando For Good do musical Wicked apenas acompanhados do piano, tocado pelo próprio Serafini, sem efeitos ou coro adicional foi uma demonstração de puro talento.
‘High School Musical: The Musical: The Series’, que está chegando ao fim, trouxe Kate Reinders e todo o elenco, juntos, cantando ‘For Good’.
Kate, que na série interpreta a Miss Jenn, já foi Glinda na Broadway em 2006.
— WICKED BRASIL (@wickedmusicalbr) August 9, 2023
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Enfim, High School Musical: The Musical: The Series pode ter nascido como uma produção nostálgica em uma grande jogada de marketing. Mas conseguiu ir além disso deixando sua marca. Os oito episódios da 4ª temporada foram todos liberados na quarta-feira dia 09.
Nota: 8
Confira o trailer: