A primeira temporada de Dark, no Netflix, teve o mérito de criar um universo inconfundível sinistro envolvendo viagens no tempo e uma boa dose de ciência. Se no início, chegou a ser citado como um “Stranger Things do mal”, o seriado definiu sua própria mitologia e se distanciou de qualquer outra coisa feita para a TV. O final apoteótico com Jonas chegando a um futuro pós-apocalíptico não deixou ninguém confuso, mas ávido de interesse pela segunda parte. E chegou.
A segunda temporada de Dark é empolgante e cada episódio traz boas reviravoltas. Se dessa vez, temos o jovem Jonas (Louis Hofmann) mais amadurecido, sua versão mais velha (Andreas Pietschmann) está mais inseguro. Essa oscilação contrasta com a de outros personagens como sua mãe, Hannah (Maja Schöne), que assume de vez seu protagonismo como antagonista.
A direção de Baran bo Odar é precisa e comete poucos erros. Um deles, é não dar uma solução para o esperado crescimento do jovem Daan Lennard Liebrenz, que interpreta o menino Mikkel. Se na primeira temporada, o personagem era uma criança, aqui já ressurge quase como um pré-adolescente embora Dark faça uma viagem no tempo antes do desaparecimento que dá início aos acontecimentos que já assistimos.
No roteiro Baran bo Odar conta com a colaboração de Jantje Friese, Conner DeMita, Martin Behnke, Ronny Schalk, Marc O. Seng e Daphne Ferraro. Apesar disso, é onde a série comete seus maiores erros. A segunda temporada, narra toda jornada que culminaria no apocalipse que Jonas presencia e no misterioso Adam. Ao responder perguntas que a primeira temporada deixou, Dark acerta. Mas cria reviravoltas absurdas e situações difíceis de se entender e até de se explicar. O que o seriado apresentou até aqui faz a gente querer ver o final, que já foi confirmado. Mas fica uma certa hesitação de que repita a trilogia Matrix, que gerou um universo fantástico e bagunçou tudo na sequência.
Nota: 7,5
Perguntas e respostas da segunda temporada de Dark (com spoilers):
Atenção: não leia os tópicos abaixo se você ainda não terminou de ver a segunda temporada. A ideia é justamente enriquecer as discussões após assistir. A não ser que você não se importe em saber das coisas antes de assistir. Neste caso, siga em frente! 😉
Afinal de contas, quem é a segunda Martha Nielsen (Lisa Vicari) que encontra Jonas quando Adam assassina a primeira? Seria a indicação de um multiverso criado devido a confusão temporal ou alguém do futuro, já que ela traz uma máquina do tempo bem mais moderna?
- Parece crível a motivação do misterioso Adam, como um Jonas-que-já-viu-muita-coisa, mas é confusa a motivação de Franziska Doppler (Gina Stiebitz) e Magnus Nielsen (Moritz Jahn), o personagem, aliás, é subutilizado nas duas temporadas sem que tenhamos alguma ideia de sua motivação além da culpa pelo desaparecimento de Mikkel e o amor pela companheira que lhe acompanha em 1921.
- Dark explora os paradoxos do tempo. Embora seja fácil de entender que Mikkel volte ao tempo e vire pai do jovem Jonas, a situação de Elizabeth Dopler (Carlotta von Falkenhayn) é bem menos verossímil. Afinal, ela é filha de Charlotte Dopler (Karoline Eichhorn), mas sua versão do futuro (Sandra Borgmann) se tornaria mãe… Da própria Charlotte! É uma situação difícil de se entender em que ambas são, ao mesmo tempo, mãe filha uma da outra. Mas qualquer paradoxo precisaria de algum ponto de partida, o que parece ser fisicamente impossível. Ou não? Vale ler o que a Wikipedia diz sobre O Paradoxo de bootstrap.
++ O Predestinado – Filme Para Os Órfãos de Dark
- O trailer da segunda temporada foi divulgado no dia 26 de abril. Exatos 33 anos depois do desastre de Chernobyl, que inspira o seriado.
- Pouco antes da explosão, sabemos que Claudia, sua filha Regina e o marido Peter, além de sua neta Elizabeth estão a salvo no bunker. As famílias recebem a companhia de um jovem Noah, que deve conhecer Elizabeth daí e então se relacionar com ela. Claudia passa a ser uma viajante do tempo, Elizabeth vira líder dos sobreviventes e Regina, provavelmente, morre como consequência do câncer. Mas e quanto a Peter?
- Vale lembrar que quando o portal se abre no tempo em 2019, Charlotte vê uma passagem no tempo para 2053 onde está a versão mais velha de Elizabeth. Ela gesticula em libras a palavra “mãe”(o que pode ser tanto um chamado, quanto uma apresentação) e ambas encostam as mãos. Na primeira temporada, isso fez com que Jonas e o menino Helger trocassem de lugar. Será que o mesmo se repetiu, com Charlotte indo para o futuro e sua filha/mãe morrendo no presente?
- O que estaria na carta que Noah apresenta ao Jonas/The Stranger mais maduro quando ambos se encontram em 2019?
- Onde estaria Bartosz após o Jonas quarentão levar ele, Franzisca e Magnus para 1921?
E você, o que achou da segunda temporada de Dark?