Conversamos com criadoras de “Encantado’s”, da Globo

Thais Pontes e Renata Andrade, mentes por trás da mais nova série de sucesso nacional vinda da Globoplay

Encantado’s é sucesso no Globoplay, na Globo e até prêmio já ganhou. A série sobre um supermercado e uma escola de samba que dividem o mesmo estabelecimento conquistou uma multidão de fãs. E seja pela trama, os personagens ou pano de fundo, o fato é que não tem como não amar Encantado’s.  Na semana passada, as criadoras da série Thais Pontes e Renata Andrade conversaram com o Popoca por e-mail.

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Confira a entrevista com as autoras da Globo e Globoplay:

1- Preciso começar perguntando como surgiu a ideia de um supermercado que vira escola de samba durante a noite. Ou escola de samba que vira supermercado durante o dia. Esse sempre foi o centro de tudo?
Thais Pontes: O começo de tudo foi o supermercado. Partimos dele e, na época da criação, passamos alguns dias trabalhando só com esse cenário/universo, que já é um universo muito rico, né? Sem dúvida, renderia bem isoladamente. Mas queríamos que esses irmãos tivessem algum tipo de conflito de interesses e foi aí que veio a ideia de inserir um outro negócio. A partir daí, a ideia desse outro negócio ser uma escola de samba do grupo D veio bem rápido. Um dos nossos desejos era falar desse desfile que não tem os holofotes, nem o dinheiro da Marquês de Sapucaí, mas tem componentes cheios de garra, talento e amor pelo carnaval. Pegamos dois universos que amamos e colocamos como pontos de união e conflito dos nossos protagonistas.
Renata Andrade: Primeiro veio o supermercado. Eu e Thais sabíamos desde o nosso primeiro papo que falaríamos sobre esse espaço, sobre as pessoas que circulam por lá. A pluralidade de tipos que passam por um estabelecimento como esse foi o que nos encantou de cara e não foi difícil decidir que queríamos falar sobre as pessoas que trabalham nesses lugares e que são, muitas vezes, invisibilizadas. Queríamos mostrar o óbvio: quão interessantes e cheias de histórias elas são. O samba chegou logo depois. O carnaval das escolas de samba sempre foi uma paixão minha e da Thais. Achamos aí que poderia ser interessante unir esses universos tão antagônicos e extrair disso os conflitos. Não demorou muito para que entendêssemos de onde partiriam os embates. Foi aí que nasceu a família Ponza e os irmãos Eraldo e Olímpia, que têm em Seu Geraldo, o pai já falecido na história, um pilar.
2- Os irmãos Eraldo e Olímpia, vividos por Luís Miranda e Vilma Melo, possuem personalidades tão distintas quanto uma escola de samba e um supermercado. Mas eles sempre superam as diferenças em nome do amor fraternal. De onde veio a inspiração para essa relação de irmãos bastante conflituosa, mas que não chega a ser antagônica?
Thais Pontes: A inspiração vem do coração das relações familiares mesmo, principalmente da relação das famílias pretas que, apesar de tudo o que vivem, precisam se cuidar, se proteger e se amparar. Como acontece com muitos irmãos, Eraldo e Olímpia têm problemas, divergem, brigam, mas se amam muito e entendem o poder da ligação entre eles. Acho muito bonito ver esse tipo de relação na tela, principalmente, quando a gente sente a verdade que o Luis Miranda e a Vilma Melo dão para esses dois irmãos. Aquele amor é real.
Renata Andrade: As relações de irmãos têm muito disso, né? Há muitos conflitos, muitos em função de personalidades distintas, de formas diferentes de ver o mundo, mas há muito amor também. Eraldo e Olímpia são a síntese disso tudo. Tenho pra mim que um não suporta o modo de levar a vida do outro, mas eles jamais conseguiriam viver longe um do outro. No fim das contas, o sangue sempre fala mais alto e brigar faz parte do jogo.
3- Já virou realidade séries brasileiras em plataformas de streaming, pensadas para um espectador que vai poder maratonar ou até mesmo ver devagar a produção. Encantado’s teve esse “caminho Globoplay” de ir para o streaming e depois migrar para a TV aberta na Globo. Como vocês receberam esse caminho?
Thais Pontes: O Encantado’s foi pensado inicialmente para TV aberta, mas cada produto tem estratégias e caminhos de lançamento diferentes e podem mudar ao longo do tempo. A série foi erguida por mim, Renata, Chico Mattoso e Antonio Prata para que tivesse um formato híbrido: é episódica, mas tem arcos de série. O espectador que assiste um episódio aleatório vai entender, mas quem assiste os 11 vai ter uma experiência mais ampla e forte. Esse tipo de formato dá margem para o caminho que Encantado´s teve: Globoplay e depois TV Globo. Acho superinteressante e amplia as possibilidades do projeto, claro.
Renata Andrade: A gente sempre soube que Encantado’s tinha a ver com a tv aberta, muito porque se trata de uma série popular, com humor para a família toda. Sabíamos que o caminho natural era ir para a grade, mas a experiência no Globoplay foi muito bacana também. Quando soubemos que a série estaria, em momentos diferentes, nos dois lugares, nós prontamente trabalhamos para que ela fosse um produto adequado para a plataforma, mas sem perder a essência de tv que sempre teve. Encontramos um caminho e o seguimos. O feedback que tivemos no Globoplay e o que estamos tendo agora, com a exibição na Globo, confirmam que fizemos as escolhas certas.
4- Vilma Melo deu uma declaração no lançamento da série: “primeira vez que eu vejo corpos pretos longe do estereótipo da violência, do sexo…”. A gente pode até fazer um desafio e lembrar de produções como Ó Paí, Ó ou Mr. Brau, que vieram antes, mas só a dificuldade de lembrar já é um dado da falta de representatividade. Como isso afetou o caminho da série entre criação e desenvolvimento?
Thais Pontes: Infelizmente, os exemplos ainda são bem poucos, mas acho que estamos num caminho de mudança. Acho importante que existam produtos que escancarem os problemas da população negra e que mostrem as nossas mazelas, mas por muito tempo essa era a única opção que era dada para os corpos pretos: violência, subalternidade, sexo, medo, escravização. Somos muito mais que isso. Somos muito mais que dor. Encantado’s joga o foco para outro lugar: falamos de família, amor, fé, amizade, trabalho, relações e isso tudo com humor. Outras produções já fizeram/fazem isso: Ó Pai, ó, Mister Brau, Quando a Magia Acontece e, recentemente, Vai Na Fé… e isso é superimportante na construção de novos imaginários. Não podemos esquecer dos que vieram antes e temos que impulsionar para que muitos venham depois.
Renata Andrade: A representação de pessoas negras em lugares nem sempre explorados pelo audiovisual foi a nossa meta. Exaltamos sempre os exemplos que vieram antes de nós, como os citados na pergunta e, de certa forma, usamos todos como estímulo em “Encantado’s”. Queríamos dar vez à alegria, ao que temos de mais bonito e positivo. Acho que as representações em cima das nossas dores e das nossas feridas têm um porquê e devem continuar existindo porque, muitas vezes, servem como denúncia, convocam a população ao debate, mas é importante lembrar que não somos só isso. Pessoas negras têm outros conflitos, têm outras narrativas e sabem rir de si mesmas. Era disso o que nós queríamos falar e tínhamos certeza que o público ia se reconhecer.
Com muito tempo na Globo, Luis Miranda é elogiado pelas criadoras de 'Encantado's'
Com muito tempo na TV Globo, Luis Miranda é elogiado pelas criadoras de ‘Encantado’s’
5- O Luís Miranda já é um pouco da história da TV nacional pra uma geração. É um rosto que o espectador já se acostumou a ver na Globo, mas não me lembro com esse nível de importância. Sempre com coadjuvantes memoráveis, mas dificilmente com protagonistas. Como foi a escolha por ele?
Thais Pontes: O Luis é um gênio. A maioria o exalta como um grande ator de comédia (o que de fato ele é), mas ele vai muito além da comédia. Ele é um ator completo que entrega e se entrega. É lindo ver o Luis em cena e é uma alegria tê-lo como o nosso Eraldo. O nome do Luis foi uma sugestão do Henrique Sauer, que é o nosso diretor artístico. Em uma reunião sobre elenco, o Sauer comentou “pro papel do Eraldo eu pensei no Luis Miranda”. Ele mal tinha terminado a frase e eu, Renata, Chico e Prata já estávamos falando “siiiiim”. Não houve dúvida. Que bom que é ele.
Renata Andrade: Quem propôs que o Luís fosse o nosso Eraldo foi o Henrique Sauer, diretor artístico da série. Tão logo ele jogou o nome do Luís, nós quatro – eu, Thais, Chico Mattoso e Antonio Prata, que escreveram a série com a gente e são os redatores finais -, não tivemos dúvida. De lá pra cá, Luís se confirmou como um acerto. Golaço do Sauer. O encontro dele com a Vilma foi e continua sendo muito especial e muito bonito de ver. E que bom ter como protagonistas um ator e uma atriz incríveis nesse lugar até então inédito em suas carreiras na tv…
6- Não é spoiler para quem viu no streaming: como foi trabalhar com Tony Ramos?
Thais Pontes: Ah, o Tony Ramos é um sonho de pessoa e de ator. Quando disseram que ele seria o Madurão fiquei alguns minutos sem acreditar. Sempre ouvi falar que o Tony era uma das pessoas mais gentis do meio artístico e pude comprovar isso nesse trabalho. Além de ser um ator surreal de bom, ele é extremamente agradável, atencioso, gente boa e generoso… Tem que ser muito generoso pra topar usar aquela peruquinha que o Madurão usa (risos). Enfim, é uma honra saber que um dos maiores e mais amados atores do Brasil faz parte da nossa série.
Renata Andrade: Nossa, foi uma alegria. Pra mim, que assisto novela desde sempre, saber que teríamos Tony Ramos na série foi umas das coisas mais especiais que vivi na minha carreira até aqui. Foi a realização de um sonho. Além de ser um ator espetacular, Tony é querido, parceiro, animado, do tipo que joga junto. Já nas primeiras leituras, tive a felicidade de testemunhar o Madurão ganhando vida pelas mãos desse ator generoso, sensível, incrível que vestiu a camisa do personagem desde o primeiro minuto.
7- Dhu Moraes vive a matriarca da família Ponza, Marlene, uma mulher que amou muito seu marido e sofreu com a perda, mas agora quer curtir a liberdade. Como foi compor essa personagem?
Thais Pontes: É uma delícia escrever pra Ponza. Ela é uma mulher livre, sem papas na língua e que gosta de curtir a vida. Ela é do tipo durona, mas acho difícil não gostar daquele jeitão dela. Como ela diz, ela é do tipo “pega, mas não se apega”. Além de tudo, ter Dhu Moraes como Ponza é um privilégio e tanto. Ela é maravilhosa. A Dhu é a Ponza dos nossos sonhos.
Renata Andrade: Eu amo a forma com que a Dona Ponza leva a vida. Ela é uma mulher livre, que não se prende a julgamentos. Ela quer ser feliz do jeito dela e pronto, não se importa com o que falam porque não se importa em agradar ninguém além dela mesma. Acho que todos nós, se pudéssemos (ou se tivéssemos coragem), seríamos um pouco Dona Ponza. Escrever essa personagem tão autêntica, tão dona de si, foi bom demais. E Dhu Moraes, essa atriz fabulosa, se entregou. A Ponza dela é ainda mais legal que a do papel.
Elenco de Encantado's posa para foto nos estúdios da série do Globoplay e TV Globo
Elenco de Encantado’s posa para foto nos estúdios da série do Globoplay e TV Globo
8- Encantado’s tem um elenco com nomes conhecidos da TV Globo, mas também rostos novos. Todos com grande nível de excelência. Como foi a escalação do elenco?
Thais Pontes: Não dá nem pra chamar de elenco, né? Eu chamo de dream team. São 17 atores incríveis supertalentosos, conectados e a fim de contar essa história. Acho que foi um encontro muito feliz tanto de elenco, como da equipe que o Sauer montou. A escalação do elenco aconteceu de forma muito colaborativa. Acho sempre muito importante falar da importância da parceria entre direção e redação em todo o processo e isso não foi diferente na escolha do elenco. O Henrique Sauer esteve à frente da escalação, mas nós 4 da sala de roteiro pudemos sugerir nomes, recebemos sugestões vindas dos produtores de elenco (Rudson Martins e Dani Ciminelli) e definimos juntos. Foi um processo muito legal. Quando chegou a etapa dos testes de vídeo não houve dúvida… as escolham pareciam sempre muito naturais, sabe? As nossas opiniões quase sempre batiam. Cada escolha vinha acompanhada de muita certeza. A gente sabia que aquele ator era feito para aquele personagem e, felizmente, estávamos certos.
Renata Andrade: A escolha do elenco foi uma das partes mais legais de todo o processo. Descobrir as caras e as vozes que os personagens teriam foi uma experiência muito bacana. O diretor Henrique Sauer, em parceria com os produtores de elenco Dani Ciminelli e Rudson Martins, trouxe nomes incríveis, alguns que nós não conhecíamos (ou não conhecíamos tanto) e foi muito receptivo aos nomes que propusemos. Essa generosidade de dividir com a gente a escolha do elenco permitiu que nós quatro pudéssemos participar de uma etapa superimportante e que daria vida à série. Chegar àqueles que dariam corpo e alma aos nossos encantados foi muito gostoso e muito fácil. Eles já estavam ali só esperando o nosso ok.
9- Vocês, Thais e Renata, já trabalham há algum tempo na Globo, mas Encantado’s é a primeira série criada por vocês. E após três meses da estreia na Globoplay veio o prêmio de Melhor Série de Comédia pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Qual a sensação de ter esse reconhecimento?
Thais Pontes: É incrível. É muito bom, gratificante e reconfortante olhar para o lado e ver que deu certo. No meu caso, por ter sido o meu primeiro projeto autoral, confesso que houve uma tensão: “o que será que vai acontecer? Vai dar certo?”. Sempre acreditei e soube da força do Encantado’s, mas a gente nunca sabe como o público vai receber. Foi uma alegria saber que o público comprou a nossa história. O prêmio é a coroação de uma trajetória coletiva. Erguemos esses onze episódios com Antonio Prata e o Chico Mattoso que além de escreverem a série também são os redatores finais disso tudo, com o diretor artístico Henrique Sauer que é o maestro dessa história, com a diretora de arte Poliana Feulo, com os diretores Naína de Paula e o Deo Cardoso, com a Núbia Maisa da caracterização, com a Sabrina Moreira do figurino e com centenas de outros profissionais incríveis que fizeram dessa série o que ela é. O Encantado’s é uma série feita por muitas de cabeças, mãos e olhares e sou muito feliz por fazer parte disso.
Renata Andrade: A melhor possível. Nós tivemos a felicidade de ter o reconhecimento do público e da crítica. Pra mim, esse é o melhor dos mundos. Nem sei dimensionar a alegria de viver isso em um primeiro trabalho autoral, mas é importante dizer que “Encantado’s” é fruto de um trabalho coletivo, a começar pela nossa redação. Nós quatro passamos meses a fio em reuniões online desenhando a história que acreditávamos e queríamos contar. E ali, naquele nosso esquema, nós éramos o nosso primeiro público. Acredito que isso foi muito importante para fazermos todas as nossas escolhas. Diretores, iluminadores, caracterizadores, cenógrafos, enfim, uma turma grande e fantástica é também responsável por isso e contribuiu com seus talentos para que “Encantado’s” acontecesse. Saber que o resultado agradou é o melhor retorno que nós poderíamos ter. É a certeza de que fizemos um bom trabalho.
10- Encantado’s surgiu em uma oficina de humor para roteiristas negros realizada pela Globo. Como é participar de um projeto como esse, que busca afirmação e empoderamento?
Thais Pontes: A Oficina de autores foi fundamental na minha carreira. Aquele espaço me deu a oportunidade de aprender, conhecer colegas incríveis e de poder mostrar o meu trabalho. Torço muito para que mais canais e plataformas invistam em iniciativas como essa. Iniciativas de formação, sustentação e oportunidade, afinal, muitas das vezes é só isso que a gente precisa. Eu, Renata e o Encantado’s estamos aí para provar isso.
Renata Andrade: A oficina foi uma experiência e tanto. Eu, até então uma roteirista iniciante, tive ali a oportunidade de aprender com muita gente que eu já admirava há tempos: autores, diretores, enfim, toda a sorte de profissionais que fazem a diferença no audiovisual. Além de tudo, sou muito grata por ter tido essa chance porque ela ditou o rumo da minha carreira e a da Thais. Criamos “Encantado’s” ali como projeto final dessa oficina e a partir disso tudo aconteceu. Assim como nós tivemos essa oportunidade, eu espero que outras pessoas negras também tenham. Poder contar nossas histórias e dar vez a novos olhares é fundamental e absolutamente rico para o audiovisual. Espero que iniciativas como essa inspirem outras tantas.
11- O título Encantado’s brinca com a terminologia de pertencimento do idioma inglês (‘s = de). E além de ser o nome do supermercado e escola de samba é o nome do bairro carioca onde tudo acontece. Como surgiu esse nome?
Thais Pontes: Quando pensamos no projeto, a gente já tinha definido que ele se passaria no subúrbio do Rio de Janeiro. Aí começamos a pensar nas opções de bairros e o bairro do Encantado tinha tudo o que a gente queria: tinha um nome legal, sonoro e ainda dava a possibilidade de outras interpretações (o encantamento, por exemplo). O apóstrofo, além do sentido de pertencimento, é também uma homenagem a muitos pequenos estabelecimentos pelo Brasil que usam o apóstrofo nas fachadas, mesmo que de maneira equivocada.
Renata Andrade: Assim que decidimos que o supermercado seria um dos nossos universos, não tivemos dúvida: ele pertenceria a um bairro do subúrbio. Jogamos alguns, mas nenhum nos tocou tanto quanto Encantado, não só pela localização, mas também pela história do bairro, por todo o significado que o nome carrega e que tem importância enorme na história que pretendíamos contar. Mas não é só isso. Além da ideia de pertencimento que o “apóstrofe + s” dá ao nome, a gente também quis fazer referência a essa prática comum em alguns estabelecimentos, sobretudo os do subúrbio, que não resistem e o usam arbitrariamente.
12- Quando a história começa, o patriarca dos Ponza já faleceu há quase um ano. Ele é esse personagem ausente, que mesmo não estando mais presente muito gira em torno da memória dele. O pai amado, empresário visionário, figura importante da comunidade. Teve alguém da vida de vocês que serviu de inspiração para esse personagem?
Thais Pontes: A história do Encantado´s é também uma história sobre legado. O Geraldo Ponza, de fato, é uma figura muito presente em toda trama. Tudo acontece porque Eraldo e Olímpia querem manter e honrar o legado do pai, um homem que era muito amado pelos filhos e por toda comunidade. Eu vejo o Geraldo em muitas pessoas que conheço ou já esbarrei pela vida. Acho que todo mundo conhece um tipo como ele.
Renata Andrade: O Geraldo é um malandro clássico e o pilar da família Ponza. É a ausência mais presente em toda a série. Tudo o que eles fazem, todas as decisões que os irmãos Olímpia e Eraldo tomam passam, de alguma ideia, pelo que o pai diria, pelo que o pai faria. Apesar de morto, Seu Geraldo continua presente na vida deles, na rotina do supermercado e na da Joia do Encantado. Eles o reverenciam, têm um amor genuíno por aquele pai. Seu Geraldo não foi inspirado em uma pessoa exatamente, mas com certeza, consciente ou inconscientemente, ele é um pouco das figuras que nos circulam. Todos os personagens, na verdade, são frutos dessas nossas observações.
13- Li que vocês são amigas há mais de 25 anos, desde a adolescência. Como é poder trabalhar e criar com alguém que você conhece e que te conhece tão bem?
Thais Pontes: Trabalhar com a Renata é muito bom. É um privilégio poder trabalhar com a minha melhor amiga e não só por ser minha amiga, mas por ser uma profissional que eu admiro e respeito muito. Nós temos um senso de responsabilidade, comprometimento e de exigência muito parecido e acho que isso é fundamental para que a nossa parceria dê certo. Fora isso, a gente genuinamente torce uma pela outra, então, criar com essa rede de segurança e cumplicidade é muito prazeroso.
Renata Andrade: É uma sorte danada. Viver esse sonho com ela é um tremendo privilégio. Thais é uma profissional incrível, absurdamente talentosa, generosa, atenta, parceira. Como se não bastasse tudo isso, ainda é minha melhor amiga, é a pessoa que mais me conhece no mundo. Eu a admiro muito. Nossa parceria dá certo porque temos cumplicidade e não fazemos tipo uma com a outra. Somos quem realmente somos. Tenho a liberdade de dizer pra ela ou que eu penso, assim ela também tem comigo e assim levamos o que há de melhor da nossa amizade para o nosso trabalho. Somos muito parecidas em alguns aspectos, muito diferentes em outros e isso tudo, de alguma forma, dá muito certo. Espero que “Encantado’s” seja só o primeiro projeto de muitos de nossa parceria.
14- As gravações da 2ª temporada de Encantado’s já estão rolando. O que podemos esperar dessa próxima temporada?
Thais Pontes: Na segunda temporada nós teremos 12 episódios, tivemos na sala de roteiro a entrada demais uma roteirista maravilhosa, a Hela Santana e no elenco teremos um reforço de peso: a entrada da Eliane Giardini, como a antagonista da história. A gente continua com a mesma estrutura da primeira temporada, mas a gente vai ver e conhecer um pouco mais dos personagens que orbitam ali no supermercado/escola de samba. Teremos também muitas participações bem legais. Fora isso, sem dúvida, essa temporada está bem mais maluca que a primeira. Espero que todo mundo assista e se divirta!
Renata Andrade: A essência é a mesma da primeira temporada, com a diferença que as histórias paralelas terão ainda mais espaço. Há muitos desencontros, muitos dilemas, muito afeto e muito humor. Nesta nova temporada, temos um episódio a mais e duas aquisições maravilhosas: Hela Santana, nossa colega da sala de roteiro, e Eliane Giardini, que é a antagonista da temporada. Incríveis as duas.
Fique de olho no POPOCA para saber de mais novidades sobre Encantado’s ou outras produções Globo & Globoplay.

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