E para mais uma pérola inspirada pelo Desafio Literário do mês da Consciência Negra, trarei a experiência dos terreiros através da escrita de Mãe Beata de Yemonjá.
Sabemos que mais da metade da população brasileira é constituída por afrodescendentes, o Brasil é o país com maior contingente de pessoas negras do fora do continente africano e o segundo maior do planeta. Esse número grandioso se deve ao volume de pessoas que foram escravizadas naquele continente e vieram para cá trazendo suas culturas e ciências.
A religião afro-brasileira perpetua alguns destes saberes que permanece sendo transmitido a partir da oralidade, mas também da escrita. O livro “Caroço de dendê: A sabedoria dos terreiros”, foi escrito por uma ialorixá, sacerdotisa do candomblé, cujo nome civil era Beatriz Moreira Costa e faleceu no ano de 2017. Em sua escrita, ela narra a partir de diversos contos, algumas crenças, pilares e tradições de sua religiosidade.
O livro foi publicado pela primeira vez em 2006, pela Editora Pallas e tem ilustrações maravilhosas de Raul Lody, antropólogo e estudioso das religiões afro-brasileiras. De maneira lúdica e bastante convidativa, os saberes vão sendo propagados e imortalizados através de seus 43 contos, pois contar histórias é uma das maneiras primordiais de transmissão de conhecimento nestas religiões
.
É uma ótima leitura para quem deseja conhecer o universo afro-religioso que se estabeleceu no Brasil, a partir do olhar de uma escritora que tem a matriz nagô-vodun como alicerce, isto quer dizer que seus conhecimentos partem do território fronteiriço entre os povos iorubás e daomeanos. Por razões afetivas, prefiro não dar uma nota para este livro, mas garanto que é uma maneira bem leve e encantadora de se aproximar das africanidades.