Cabeça de Nêgo: O protagonismo negro que o cinema nacional precisa

Sobre o que jovens inspirados podem fazer.

No Dia da Consciência Negra (20) o Globoplay adicionou em seu catálogo o filme Cabeça de Nêgo. O longa teve estreia mundial em 2020 na Mostra de Cinema de Tiradentes, e lançamento nacional nos cinemas em 21 de outubro deste ano. E é muito bom que um filme com fortes discussões sobre racismo e sucateamento das escolas públicas tenha ido tão rápido dos cinemas para o streaming.

A trama acompanha Saulo (Lucas Limeira), um adolescente com vontade de promover mudanças. Inspirado pelo manuscrito do livro que sua professora Elaine (Jéssica Ellen) escreveu sobre os Panteras Negras e após um incidente em sala de aula, ele decide começar seu protesto. Muitos colegas logo o apoiam, mas a diretoria da escola e alguns políticos vão na contramão.

Escrito e dirigido por Déo Cardoso, Cabeça de Nêgo foi produzido no Ceará com elenco majoritariamente negro e jovem. O que vem totalmente de encontro com o que o filme quer transmitir. Uma vez que esse protagonismo do longa é justamente o que precisamos nos movimentos civis.

Com pouco mais de 1:20h de duração, o filme traz uma história que se passa em um curto período de tempo que cumpre perfeitamente o que pretende. A linguagem direta, a impecável direção de arte e a interessante montagem das cenas botam o dedo na ferida e falam o que precisam. As divergências entre professores, a má gestão e precariedade das escolas, políticos corruptos e manipulação da mídia são alguns fatores que tanto prejudicam aqueles que já têm um caminho tão árduo pela frente.

Apesar de algumas poucas falhas, Cabeça de Nêgo é um filme extremamente necessário. Não se trata de uma história para entretenimento, mas uma crítica a que todos precisamos ouvir para também poder agir.

Nota: 7,5

Confira o trailer:

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