Este post contém spoilers sobre o fim de Bojack Horseman.
O primeiro ato da parte final de Bojack Horseman deixou poucas certezas para seu encerramento. Sabíamos que sua irmã, Hollyhock, descobriria uma parte vergonhosa da vida do cavalo: seu envolvimento com uma adolescente. Também sabíamos que seria difícil que o personagem conseguisse uma virada que o salvasse das consequências de seus atos. O que talvez não soubessemos é o que nós gostaríamos que acontecesse.
E talvez seja justo dizer que gostaríamos que acontecesse exatamente o que o criador Raphael Bob-Waksberg fez para encerrar a trajetória de Bojack (Will Arnett) e Diane (Alison Brie).
Ao longo dessas seis temporadas, vamos descobrindo que Bojack não presta. Você pode citar suas virtudes e qualidades, que todo ser humano tem mas não o exime de ser uma pessoa que machuque os outros, que crie danos, consequências… Com todos os seus problemas e dramas, o desastre não acompanha Bojack. Ele causou danos porque não se importou com as consequências na maior parte da série.
Chegou a hora de pagar por isso.
O fim de Bojack Horseman não é uma redenção. É uma jornada cheia de arrependimentos do seu protagonista. Tristezas e rompimentos que o acompanharão para sempre. Como nós temos nossos ressentimentos e lembranças que gostaríamos de mudar mas não podemos. Estarão sempre lá e teremos que aprender com isso. E está tudo bem.
Ao longo de seus seis episódios finais, Bob-Waksberg consegue nos surpreender, criar novas expectativas e voltar a ser surpreendente até o fim. Bojack morrerá? Escapará das autoridades? Manterá seus amigos? Ele e Diane continuarão amigos ou qualquer coisa do tipo? O fim de Bojack Horseman tem mais respostas do que perguntas, mas tem também a coisa mais triste: saber que acabou. Crescemos juntos e aprendemos um pouco com esse desenho.
A última cena da série termina com a sua própria catarse. Quase um curta-metragem com nossos personagens favoritos ao som de Catherine Feeny cantando Mr. Blue, uma canção que parece escrita para este final tão apoteótico, simples e singelo.
Todos nós já vivemos uma cena como aquela. Todos nós já fomos alguém que não presta em algum momento. Bojack Horseman acerta por não fazer dessa convergência uma desculpa para recorrer a clichês. Uma série que nos ensina que não há finais felizes. Apenas finais, que levam a novos começos.
Nota: 10