Na última sexta-feira (9) chegou ao fim Atypical, uma das séries mais importantes da Netflix. Criada por Robia Rashid, a série que veio com a proposta de mostrar os desafios comuns da juventude enfrentados por um adolescente no espectro autista foi um verdadeiro sucesso desde sua estreia em 2017. Isso porque além de ajudar a desmistificar o TEA (Transtorno do Espectro Autista), também ajudou as pessoas a se sentirem incluídas. Mas a última temporada acabou deixando um pouco a desejar.
Alerta de spoiler: Só prossiga com a leitura caso já tenha concluído a 4ª temporada de Atypical.
É inegável a importância da contribuição de Atypical nos debates sobre diversidade e aceitação. Mesmo que Keir Gilchrist (interprete do protagonista Sam) não seja diagnosticado no espectro autista, sua atuação sempre foi muito elogiada e ajudou muitas pessoas e terem um entendimento maior sobre a síndrome. E quando a série recebeu críticas por não ter atores no espectro, foi escalado um grupo de atores autistas para serem amigos de Sam. Além disso, seu melhor amigo Zahid (Nik Dodani) é descendente de imigrantes indianos. E sua irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) ao longo da trama descobre ser bissexual. O que torna a série uma grande inspiração de respeito, uma vez que sofrer com um preconceito não impede uma pessoa de ter outros.
Porém, apesar do constante bom desenvolvimento da trama, a última temporada deixou a desejar no que diz respeito a desfechos. Não foi uma temporada ruim, pelo contrário. Houve vários plots maravilhosos. Mas apesar de todos terem sido concluídos até o último episódio, soaram mais como o fim de uma fase do que de toda uma jornada. É claro que toda série se encerra com essa sensação, já que a vida dos personagens continua. Especialmente quando se trata de uma sobre a vida cotidiana, pois não há um mistério ou desafio a ser resolvido. A questão é que Atypical poderia sim continuar por mais alguns anos.
Passamos toda essa última temporada acompanhando os preparativos de Sam para realizar seu sonho de ir à Antártida. Assim como a ansiedade de Casey enquanto tentava descobrir quem era e seu lugar no mundo. Ainda teve Zahid descobrindo que tinha um câncer e pela primeira vez se vendo na possibilidade de um relacionamento sério. Sem esquecer de Paige (Jenna Boyd) com a velha dúvida entre trabalhar para viver ou lutar pelo que quer. Ver tudo isso ao fim foi emocionante, mas ficou a vontade de ver o que viria adiante.
Está certo que a produção já tinha declarado que a quarta temporada seria a última. E o fato de Doug (Michael Rapaport) querer ir com Sam para a Antártida no final foi bastante simbólico. Mas todas as dificuldades, medos e descrença de familiares e amigos que Sam precisou enfrentar para realizar seu sonho torna ainda maior a vontade de continuar acompanhando o personagem.
De qualquer forma, assim como Robia Rashid disse ao Bustle, espero que Atypical seja lembrada por fazer as pessoas se sentirem ouvidas. E mesmo que ainda haja muito a ser feito, que tenha ajudado a normalizar a representatividade das pessoas com deficiência. Somos pessoas com sonhos e desejos como qualquer outra. Podemos ter algumas dificuldades particulares, mas quem não tem?
Nota: 8,5
Confira o trailer da 4ª temporada:
https://www.youtube.com/watch?v=b9DOcfyezD0