“Bom, vou ver Aquaman”
“Caramba, que texto piegas é esse nessa narração?”
“Nicole Kidman está bem. Vai ser maneiro.”
“Deus do céu, que texto ruim!”
“Péraí… O que o Dolph Lundgreen tá fazendo aí?”
“Se o cara resiste a balas porque sofre com soco de humano?”
Os pensamentos acima passaram bastante pela minha cabeça durante Aquaman. Os filmes de super-heróis mostraram o que podem ser com Superman 1 e, frequentemente, repetem isso em produções como Homem-Aranha 1. Mas também é fácil fazer algo bem simples ou até bobo, com um roteiro repleto de furos e agradar aos fãs e até quem não conhece muito bem o personagem. Afinal, quando se fala no rei dos sete mares, todo mundo já ouviu falar ou viu alguma encarnação dele.
Aquaman entrega o que promete: a origem do atlante mais famoso dos quadrinhos no cinema pela primeira vez. E, de quebra, uma aventura com seus principais inimigos. Por outro lado, é uma produção muito inferior aos melhores do gênero e mostra como a Warner ainda está longe de acertar com os personagens da DC, com exceção da Mulher-Maravilha.
Para começo de conversa temos um roteiro com vários momentos excessivamente piegas. Aquaman peca mais quando tenta trazer chistes cômicos para a trama, que tornam o personagem uma espécie de Conan dos sete mares meio burro. Jason Momoa até vai bem nessa linha e consegue fazer o público rir. Porém, o insuportável são as viradas inverossímeis: a mãe de Aquaman está viva, ele é cheio de amigos que nunca o viram mas vão trair o rei por ele, todo mundo fica amiguinho no fim etc.
Não é a toa que para contrabalancear tanta inverossimilhança e até mesmo as atuações canastronas de Momoa, Lundgreen (“o que que ele tá fazendo aí e naquele clipe?”) e de Patrick Wilson (Orm), o diretor Jason Wan coloca os ótimos Willem Dafoe (Vulko) e Atlana (Nicole Kidman) para dar verossimilhança a diálogos artificiais e cenas difíceis de engolir. No meio desse “duelo”, destaque para a ótima atuação de Amber Heard (Mera), que rouba as cenas em diversos momentos.
Aquaman consegue ser um filme para se ver com o cérebro desligado. Mas talvez isso seja pouco para um personagem com uma mitologia tão extensa. Pelo menos, não chega a dar vergonha como outros filmes recentes do universo DC.
Nota: 5